Sem sombra de dúvida, CONSTANTINE é um dos filmes mais bizarros dos últimos tempos. Trata-se de um verdadeiro festival de discrepâncias: é um filme inteligentíssimo, mas também um blockbuster, um filme-pipoca. Tem um roteiro complexo, cheio de filosofia e religião, mas também é divertido e movimentado. É terror, mas não assusta. É aventura, mas não tem tantas cenas de ação assim. É uma adaptação de história em quadrinhos, mas tem pouco a ver com o material em que se inspira. Está cheio de astros, mas parece um filme classe B. E tem anjos que são malvados e demônios que são simpáticos. Pode? E o mais curioso é perceber que toda esta doideira funciona: CONSTANTINE também é, ao seu modo bizarro, um dos melhores filmes do gênero fantástico lançados nos últimos anos, com raros diálogos brilhantes e uma história que deixa você realmente pensando depois de sair do cinema – mesmo que os 20 minutos finais partam para o vale-tudo e para o excesso de efeitos especiais.
CONSTANTINE é baseado numa revista em quadrinhos chamada HELLBLAZER (era para ser HELLRAISER, mas Clive Barker chegou antes e criou sua série com este título). Por sua vez, HELLBLAZER é baseada num personagem secundário criado pelo genial autor inglês Alan Moore (sim, o mesmo que escreveu preciosidades dos quadrinhos, como “Watchmen”, “Do Inferno”, “V de Vingança”, “A Liga dos Cavaleiros Extraordinários” e outras maravilhas) para a revista do MONSTRO DO PÂNTANO, da DC Comics. O nome deste coadjuvante era John Constantine, um mago inglês mal-humorado e cínico, natural de Liverpool, que apareceu pela primeira vez nas páginas da revista em 1985. Naquela época, tentava ajudar o Monstro do Pântano a entender seu passado e seus poderes. O personagem foi criado com a fisionomia do cantor Sting, que fazia muito sucesso à frente da banda The Police.
Anos depois de ser coajuvante do Monstro do Pântano, John Constantine ganhou sua própria revista, HELLBLAZER, dentro do selo Vertigo (as histórias da DC Comics voltadas ao público adulto). Aos poucos, roteiristas talentosos, como Garth Ennis (que anos depois criaria o Preacher, outro personagem polêmico que querem adaptar para o cinema), conceberam toda uma origem e passado para Constantine. O velho mago tinha um passado negro: perdeu vários amigos para demônios que invocou durante suas primeiras experiências com magia, e também estava irremediavelmente condenado ao inferno devido aos seus inúmeros pecados. Por isso, era adepto da filosofia do “foda-se”: não se importava com nada nem ninguém, muito menos se arrependia dos seus feitos, preferindo perambular sem rumo pelas ruas de Londres, fumando incansavelmente e bebendo em pubs. Mas sempre arrumando tempo para confrontar as ameaças sobrenaturais que surgiam, claro.
Lendo assim, pode parecer que Constantine é uma espécie de “Dylan Dog”, aquele personagem dos quadrinhos italianos que em cada revista combate um monstro ou fantasma diferente. Mas não é: as histórias de Constantine são mais intimistas e dialogadas, sem ação. Às vezes, são feitas unicamente de diálogos, do início ao fim. Ao invés de combater e exorcisar demônios, como vemos na versão cinematográfica, o Constantine dos quadrinhos pode passar uma história inteira só conversando e bebendo cerveja com um velho fantasma dos tempos pagãos, chateado por ter sido esquecido nos tempos atuais (como aconteceu na aventura “O Senhor da Dança”). É isso que torna a revista HELLBLAZER tão especial: o leitor nunca sabe o que vem pela frente – se muita ação, muito terror ou simplesmente muitos diálogos e drama.
Já em CONSTANTINE, o filme, o personagem foi transformado de velho bruxo decadente em um heróico inimigo das trevas, uma espécie de “James Bond religioso”, que vive de combater as forças do mal. Suas origens como mago ficam em segundo plano, mas o mal-humor e o cinismo continuam fortes na pele do astro Keanu Reeves, uma escolha que desde o início levantou polêmica para o papel – o próprio Alan Moore reclamou, dizendo que os produtores deveriam ter escolhido o cantor Sting, fonte de inspiração do visual do personagem, para representá-lo no cinema. A ambientação também mudou da Inglaterra para Los Angeles, bem como o visual do mago: de loiro que anda sempre de sobretudo, o Constantine cinematográfico virou americano moreno que passa o filme de terno e gravata – lembrando outro bom filme de Reeves, a obscura ficção científica JOHNNY MNEMONIC. Mas as características principais do personagem continuam: além de não dar a mínima para ninguém, nem para ele mesmo, Constantine continua fumando que nem uma chaminé, acendendo um cigarro na bagana do outro.
Logo no começo de CONSTANTINE, descobrimos que o mago agora americano dedica-se a exterminar demônios e outras pragas nas ruas de Los Angeles. Sua primeira entrada em cena é ajudando uma menina no bairro latino da cidade, que está possuída por um demônio. Cheio da bossa, Constantine entra no quarto da possuída e realiza um exorcismo moderno e estilizado, xingando o demônio e ainda fazendo gestos obscenos para ele, demonstrando desde cedo que é um herói nada convencional. Na verdade, dá a impressão de estar tão acostumado a fazer aquilo que realiza todo o exorcismo sem qualquer emoção, como se já tivesse passado por aquilo um milhão de vezes e estivesse até chateado com a coisa, numa impagável brincadeira com o ritual lento e assustador visto no clássico O EXORCISTA.
O próprio Constantine cinematográfico explica, em determinado momento, que nasceu com a capacidade de enxergar anjos e demônios – o que nos quadrinhos não acontecia bem assim. A coisa funciona da seguinte maneira, no universo de CONSTANTINE: existe céu e existe inferno, como prega a religião católica. Porém, ao contrário do que todos pensamos, eles estão no nosso próprio mundo, só que em planos separados. Ao mesmo tempo, anjos e demônios caminham pela Terra disfarçados. Eles não têm permissão para invadir nosso plano terrestre, como fez aquele demônio desavisado que invadiu o corpo da menininha no início. Mas podem dar “palpites” livremente para tentar influenciar no nosso livre arbítrio. É como se o mundo fosse uma grande brincadeira de Deus e do diabo. Ou, como Constantine explica em uma das frases fortes do filme: “Deus é uma criança brincando com uma fazenda de formigas”.
Sempre que um demônio invade o plano terrestre, o anti-herói aparece para despachá-lo de volta à sua dimensão. Isso acontece não porque Constantine seja um herói generoso e nobre, com o propósito de livrar o mundo do mal. Nada disso: acontece que John sabe que está perdido e que vai direto para o inferno quando morrer; por isso, tenta compensar as ruindades da sua vida fazendo o bem, de olho numa possível vaga no céu na hora do “julgamento”. A alma do mago já está entregue para o inferno porque, quando jovem, ele não suportou as visões que tinha e tentou o suicídio. Ficou clinicamente morto por alguns minutos e foi para o inferno (local para onde os suicidas vão sem escalas, segundo a fé cristã). Só que ficou tão impressionado com o que viu que decidiu que jamais voltaria para lá.
O roteiro de CONSTANTINE também inclui alguns amigos para o mago-exorcista. Um deles, o taxista Chas (Shia LaBeouf), é um jovem de 19 anos que vê Constantine como ídolo e o acompanha em suas missões, tentando tornar-se também um mago experiente. Este é o único personagem do filme que também é oriundo dos quadrinhos, embora nas páginas de HELLBLAZER Chas seja um taxista adulto e sem qualquer pretensão de tornar-se um “novo Constantine” – muito pelo contrário, está quase sempre enchendo a cara ou brigando com o “amigo”. Os outros companheiros do mago no filme não existem nos quadrinhos, são criações originais para o cinema: um é Hennessy (Pruitt Taylor Vince, de A CELA), um padre paranormal e alcoólatra, que ajuda Constantine em seus exorcismos; o outro é Beeman (Max Baker), um estudioso das artes ocultas que tem todo tipo de item mágico ou místico, de “sopro de dragão” a fragmentos das balas que atingiriam o Papa João Paulo II naquele atentado em Roma!!! É Beeman quem fornece os materiais que Constantine utiliza em seus rituais e invocações.
Existe ainda no filme a figura de Papa Midnite (Djimon Hounsou, de GLADIADOR), outro que também está nos quadrinhos, mas que no filme ganha uma roupagem bem diferente. Aqui, Midnite é uma espécie de sacerdote vodu que resolveu ficar neutro na guerra entre céu e inferno. Assim, inventou um night club que é o único local na Terra onde anjos e demônios podem se encontrar em paz, onde a entrada de humanos não é permitida. É divertido ver, nas cenas neste clube, os clientes transformando água em vinho, como fazia Jesus Cristo no evangelho, só que de brincadeira! No roteiro original de CONSTANTINE, também havia um outro “amigo”, uma demônio chamada Ellie, inspirada em uma personagem dos quadrinhos. Suas cenas chegaram a ser filmadas, com a atriz Michelle Mognahan, mas acabaram no chão da sala de edição e deverão ser incluídas no lançamento em DVD.
Com tantos elementos por si só interessantes e que já renderiam um bom filme, é de surpreender que tenham criado ainda uma trama complicada para amarrar todos os personagens. A introdução mostra um mexicano encontrando a velha “Lança do Destino”, roubada pelos nazistas e escondida no México. Trata-se da ponta da lança que perfurou o peito de Cristo quando ele estava na cruz, segundo a crença católica. Por conter o sangue de Jesus, transformou-se em um poderoso artefato místico. E, claro, os demônios a cobiçam, dentro de um plano mirabolante para trazer ao mundo o filho de Lúcifer e destruir a Terra.
Paralelamente, uma policial de Los Angeles chamada Angela Dodson (a bela Rachel Weisz, de A MÚMIA e O RETORNO DA MÚMIA) perde sua irmã gêmea, Isabel (interpretada também por Rachel, claro). A garota se atira do alto do hospital psiquiátrico onde estava internada. Católica fervorosa, Angela se desespera, pois sabe que o destino da irmã é o inferno por ela ter tirado a própria vida. A policial tenta até falar com um padre que é velho amigo da família, pedindo se seria possível fazer algo para livrar Isabel do tormento, mas é inútil. Angela vê, então, uma única solução: convencer Constantine para ajudá-la a salvar a irmã das chamas do inferno.
Porém, o próprio Constantine tem grandes problemas para se preocupar: além dos demônios que continuam invadindo o nosso plano, obrigando-o a celebrar os exorcismos para que voltem ao seu lugar de origem, ele passa mal freqüentemente e acaba escarrando sangue na pia do banheiro. Ao procurar um médico, descobre que está com câncer terminal nos pulmões, resultado de uma vida inteira fumando 30 cigarros por dia. Este é o toque irônico do roteiro: sem medo de enfrentar demônios e de descer ao inferno como se estivesse passeando no parque, Constantine acaba vendo num “simples” câncer a maior ameaça à sua existência! Também é interessante observar que, quando ele é procurado por Angela e descobre todo o plano para trazer o filho de Lúcifer para a Terra, Constantine prontamente resolve ajudar, mas não por estar preocupado com o futuro do planeta ou para ajudar o próximo, e sim de olho numa tentativa de salvar a própria pele!
Este é John Constantine: um filha da puta egoísta e canalha, que só pensa nele mesmo. E isso que o roteiro do filme ainda deu uma suavizada no personagem, inclusive transformando-o num “cara legal” e heróico na parte final. E é justamente na parte final que CONSTANTINE perde um pouco o tom, ao se entregar freneticamente a um festival de efeitos especiais e cenas de ação desnecessárias – como aquela em que o anti-herói enfrenta um exercito de demônios dando porradas e tiros com uma espingarda em forma de cruz!
Também têm papel fundamental na história dois soldados do céu e do inferno, respectivamente. O das forças do paraíso é o anjo Gabriel, representado como uma figura andrógina, de terno e gravata, pela atriz inglesa Tilda Swinton (de ADAPTAÇÃO e VANILLA SKY). Para quem não vai muito à missa, Gabriel é um dos principais anjos a serviço de Deus, tendo pessoalmente expulsado Adão e Eva do Paraíso após o episódio do Pecado Original, e tendo também anunciado à Virgem Maria que ela estava grávida de Jesus Cristo. Constantine vai encontrá-lo tentando fazer um acordo para escapar das chamas do inferno; quando o anjo diz que, pela sua vida pecadora, ele está condenado ao inferno, o mago fica furioso, questiona a justiça divina e ainda atira uma Bíblia no chão entre blasfêmias (e isso, surpreendentemente, foi produzido por um grande estúdio!!!). Já o peão das forças infernais é Balthazar (Gavin Rossdale, da banda Bush), representado na pele de um poderoso executivo, também de terno e gravata, mas vestido como um mafioso italiano.
É um verdadeiro milagre que um filme como CONSTANTINE tenha sido produzido por um grande estúdio. Acontece que mesmo sendo um filme-pipoca, com bastante ação e efeitos especiais, o roteiro tem uma temática delicada (a briga entre céu e inferno; questionamentos sobre a religião). Por muito menos, filmes que mexeram com algumas destas questões foram defenestrados pelos católicos e acabaram cercados de polêmica, como a comédia DOGMA, de Kevin Smith, que quase foi banida por apresentar Deus na figura de uma mulher (a cantora Alanis Morrisette). Pois CONSTANTINE, mesmo pegando muito mais pesado que DOGMA, passou sem grandes polêmicas.
Por outro lado, o roteiro do filme foi uma verdadeira novela. Quando o projeto se iniciou, há cerca de sete anos, a produção ainda se chamava HELLBLAZER, como nos quadrinhos, e Constantine seria interpretado por… Nicolas Cage! A primeira versão do script era de Kevin Brodpin, que só tinha como crédito o péssimo GLIMMER MAN, suspense/policial com Steven Seagal, seguido por MINDHUNTERS, suspense obscuro dirigido por Renny Harlin. Esta primeira versão do roteiro já apresentava Constantine como um americano vivendo em Los Angeles – uma exigência dos produtores para fazer o filme. Porém, inicialmente, a idéia era adaptar à risca uma das minisséries mais importantes do personagem nos quadrinhos, chamada “Hábitos Perigosos”, e escrita por Garth Ennis. Muitos dos detalhes do filme (veja mais no texto abaixo) vieram desta minissérie, como Constantine descobrindo que está com câncer terminal, a forma como ele escapa da doença e o irônico diálogo com o anjo Gabriel.
Porém, os produtores achavam que a história ainda não estava “fantástica” o suficiente. Contrataram então Frank A. Cappello (diretor de AMERICAN YAKUZA) para dar uma mexida no roteiro, acrescentando mais ação e efeitos. Aparentemente, foi na versão de Cappello para o roteiro que entraram elementos como a policial Angela e a Lança do Destino, além da trama sobre o nascimento do filho de Satã. Pessoalmente, eu preferia uma adaptação mais fiel de “Hábitos Perigosos”, uma história que já tem um potencial excelente para virar filme. Mas é claro que os executivos da Warner, de olho em mais uma série cinematográfica à la MATRIX, quiseram aproveitar a presença do astro Keanu Reeves para transformar John Constantine em um herói diferente e, quem sabe, iniciar uma nova franquia.
Portanto, para encarar CONSTANTINE do jeito como se deve, é importante esquecer qualquer semelhança do John cinematográfico com o John dos quadrinhos. É como se fossem personagens completamente diferentes: o herói interpretado por Keanu é apenas “inspirado” naquele da HQ. Só assim para engolir cenas como as que o Constantine do filme usa armas sagradas (uma soqueira com crucifixos entalhados e uma espingarda em forma de cruz!!!) para destruir um montão de demônios. É algo que não se encaixa de forma alguma no universo dos quadrinhos, mas que faz sentido dentro da forma anárquica como Constantine foi adaptado para o cinema. O personagem dos quadrinhos também não tem aquelas tatuagens que Keanu Reeves traz nos pulsos, e que representam um símbolo alquímico de proteção contra maus espíritos. Entretanto, como a maioria dos brasileiros NÃO conhece os quadrinhos (que foram muito pessimamente lançados por aqui), não haverá qualquer problema para encarar esta adaptação. Confesso que eu mesmo critiquei duramente a produção ao ver o trailer e perceber que não tinha nada em comum com HELLBLAZER. Porém, basta encarar o filme como se fosse uma produção independente dos quadrinhos para divertir-se sem problemas.
Infelizmente, eu não concordei com a forma como John Constantine passou de “o maior FDP do planeta” a uma quase redenção no final. Foi praticamente um processo de “beatificação” do mago para transformá-lo em herói, e não num anti-herói. Isso força um pouco a barra, ainda mais quando lembramos do Constantine dos quadrinhos, que não tinha escrúpulos em mandar o anjo Gabriel “enfiar no c…” os 10 Mandamentos e nem tinha medo de mostrar o dedo médio para Satanás em pessoa. Esta escrotice do personagem foi abrandada no final do filme, que não deverá ter uma continuação tão cedo – foi um fracasso de bilheteria, tendo custado 100 milhões de dólares e arrecadado, até o início de abril, pálidos 73 milhões nas bilheterias americanas!
Outro detalhe que fica perdido no roteiro é o câncer terminal de Constantine. Se na minissérie “Hábitos Perigosos” ele aparecia visivelmente acabado pela doença, no filme, apesar de cuspir sangue e tossir o tempo inteiro, o herói jamais demonstra muitos sintomas de estar com uma doença terminal. Inclusive parece bastante saudável quando sai dando tiros e socos nos demônios. Este detalhe de que o herói está nas últimas e com os dias contados podia ter sido melhor representado, pois acaba até esquecido depois da meia hora inicial.
O que mais surpreende é o trabalho do diretor Francis Lawrence, mais um videoclipeiro a estrear como cineasta. Este é seu primeiro filme, após dirigir clips para Aerosmith, Will Smith e até Britney Spears. Ele segura bem a função e consegue compor cenas macabras usando como cenário apenas a arquitetura decadente de Los Angeles. Também acerta ao enfocar o inferno não como uma caverna subterrânea cheia de fogo e pessoas queimando em caldeirões (como prega o folclore popular), mas sim como uma versão devastada e incendiada do nosso próprio mundo. O cara tem talento, imprime ritmo à narrativa e provavelmente tenha futuro no cinema. Ainda ganha méritos por ter brigado com os produtores, que queriam “suavizar” um pouco o filme, conseguindo manter sua visão mesmo que a obra ganhasse uma censura maior nos cinemas americanos.
Apesar de certo abuso nos efeitos especiais (principalmente na cena em que o herói enfrenta um demônio cujo corpo é feito de moscas e insetos), CONSTANTINE é um excelente filme-pipoca. E, como eu disse, um dos roteiros mais inteligentes em um blockbuster americano nos últimos anos. Tanto que, ao final da sessão de cinema que acompanhei, cerca de 80% do público não havia entendido bulhufas do roteiro. Pessoas saíam da sala na metade e uma mulher sentada ao meu lado chegou a pensar que Lúcifer (que faz uma participação especial no fim, na pele do ator Peter Stormare) era Deus, só porque ele estava vestido de branco!!! Talvez se ele aparecesse com chifrinhos e rabo pontudo, segurando um tridente em uma das mãos, fosse mais “simples” para o público entender, não é? Outros ainda reclamaram que não entenderam o final (mais precisamente a solução encontrada por Constantine para escapar do inferno), sendo que este é exatamente o ponto alto do roteiro. É uma pena que certos espectadores tenham preguiça de pensar e critiquem um filme como CONSTANTINE apenas porque ele não entrega tudo mastigadinho.
No fim, CONSTANTINE ainda consegue ser mais eficaz ao abordar elementos do céu e do inferno do que muita aula de catequese e sermão de missa de domingo que se vê por aí…
Fonte: Boca do Inferno.
0 comentários:
Postar um comentário
Dúvidas, críticas, elogios, opiniões, lamentações e reclamações serão bem vindos.
Links quebrados? Comunique-nos aqui.