31 agosto 2010

Download: Scarface (1983)


Sinopse:

Um criminoso cubano exilado (Al Pacino) vai para Miami e em pouco tempo está trabalhando para um chefão das drogas. Sua ascensão na quadrilha é meteórica, mas quando ele começa a sentir interesse na amante do chefe (Michelle Pfeiffer) este manda matá-lo. No entanto ele escapa do atentado, mata o mandante do crime, fica com a amante dele - mas simultaneamente sente desejos incestuosos por sua irmã (Mary Elizabeth Mastrantonio) - e assume o controle da quadrilha. Em pouco tempo ele ganha mais dinheiro do que jamais sonhou. No entanto ele está na mira dos agentes federais, que o pegam quando ele está "trocando" dinheiro. Mas seu problema pode ser resolvido se ele fizer um "serviço" em Nova York para um grande traficante e pessoas influentes, que podem manipular o poder para ajudá-lo. Porém, a missão toma um rumo inesperado quando, para concretizá-la, ele precisa matar crianças.

Curiosidades:

  • A atriz Mary Elizabeth Mastrantonio estreou nos cinemas em Scarface;

  • Ao longo de Scarface a palavra "fuck" aparece 206 vezes, um recorde para a época. Ainda hoje, apenas dois outros filmes ultrapassaram este recorde: Os Bons Companheiros, com 246 vezes, e Pulp Fiction - Tempo de Violência, com 257 vezes;

  • Refilmagem de Scarface, A Vergonha de uma Nação (1932).
Informações:

Título Original: Scarface
Direção: Brian De Palma
Origem: EUA
Duração: 186 minutos
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 553 mb
Servidor: Rapidshare

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7

Download: Kill Bill - Volume 2 (2004)


Sinopse:

Após começar sua vingança no Volume 1, 'A Noiva' (Uma Thurman) parte em busca dos membros restantes da gangue e, claro, cumprir sua missão pessoal de matar Bill (David Carradine).

Curiosidades:

- Kill Bill foi inicialmente planejado como um único filme, mas devido à longa duração que teria o diretor Quentin Tarantino e os produtores da Miramax Films acabaram concordando em dividi-lo em duas partes, com lançamento de 6 meses entre elas.
- O capítulo "Yuki's Revenge" foi cortado do filme para dar lugar a outro, "Massacre at Two Pines", que mostrava detalhes do ataque sofrido pela Noiva.
- A personagem Pei Mei aparece em vários filmes de kung fu feitos pelos irmãos Shawn nas décadas de 70 e 80, sendo conhecido como o Monge de Sobrancelha Branca.
- O xerife Earl McGraw, interpretado por Michael Parks, é o mesmo personagem assassinado pelos irmãos Gecko logo no início de Um Drink no Inferno (1996), filme que teve roteiro escrito por Quentin Tarantino.
- Cada personagem do grupo de assassinos de Kill Bill possui um codinome referente a algum tipo de cobra.
- Foram utilizados 450 galões de sangue falso nos dois filmes de Kill Bill.
- Os símbolos japoneses que aparecem ao fundo do pôster de Kill Bill significam "kirubiru", que é o modo de dizer "Kill Bill" em japonês.
- Este é o 3º filme em que o diretor Quentin Tarantino e o ator Samuel L. Jackson trabalham juntos. Os demais foram Pulp Fiction - Tempo de Violência (1994) e Jackie Brown (1997).
- Precedido por Kill Bill - Volume 1 (2003).
Informações:

Título Original: Kill Bill: Vol. 2
Direção: Quentin Tarantino
Origem: EUA
Duração: 136 minutos
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 357 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Download: Kill Bill - Volume 1 (2003)


Sinopse:

No dia do casamento da 'Noiva' (Uma Thurman), Bill (David Carradine) e seus comparsas chegam à igreja e fazem uma verdadeira chacina. Mesmo tendo quase morrido, a "Noiva" consegue sobreviver em um profundo coma. Após alguns anos, ela acorda, sedenta por vingança. Vai atrás de um por um dos cinco principais responsáveis pelo ocorrido no que era para ser o dia mais feliz de sua vida.

Curiosidades:


  • O diretor Quentin Tarantino atrasou o início das filmagens devido à gravidez de Uma Thurman.
  • O personagem Bill foi primeiramente oferecido a Warren Beaty, que acabou recusando o convite e sugeriu a Quentin Tarantino o nome de David Carradine.
  • Kevin Costner também foi considerado para o papel de Bill, mas ao invés disso optou por fazer Pacto de Justiça.
  • Quentin Tarantino ofereceu o papel da Noiva à Uma Thurman como presente no seu aniversário de 30 anos.
  • A roupa amarela usada pela personagem de Uma Thurman é uma homenagem direta à roupa de Bruce Lee em O Jogo da Morte.
  • O argumento para o filme foi concebido durante as filmagens de Pulp Fiction. Quentin Tarantino dizia inúmeras vezes para Uma Thurman a frase: “Uma Thurman will Kill Bill” (Uma Thurman vai matar Bill).
  • Quentin Tarantino confirmou que o “Esquadrão Assassino Víbora Mortífera” foi inspirado na fictícia série de TV Fox Force Five, da qual a personagem Mia Wallace (Uma Thurman em Pulp Fiction) participava.
  • A entrada do túnel em Tóquio é na verdade a entrada do segundo túnel de Los Angeles com a adição das placas em japonês.
  • Quentin Tarantino queria que três atores de diferentes nacionalidades representassem seus respectivos países. Chia Hui Liu representa a China, Sonny Chiba representa o Japão e David Carradine representa os Estados Unidos. Se Bruce Lee estivesse vivo, ele também teria sido convidado para aparecer no filme.
  • Ao final de cada tomada, os atores dirigiam-se à câmera e diziam: “Hello, Sally!”, em referência à editora Sally Menke. Não se sabe a opinião de Menke a respeito do assunto.
  • Okinawa tem a má reputação de ser um péssimo lugar para se comer sushi. Em outras palavras, é um ótimo lugar para esconder-se.
  • Na cena da Casa das Folhas Azuis, a Noiva mata 57 pessoas.
  • Quentin Tarantino é dono da “Pussy Wagon” e dirigia o carro para promover o filme.
  • Inicialmente, a personagem O-Ren Ishii seria japonesa e teria como interpréte uma atriz de mesma nacionalidade, mas o papel foi mudado para que Lucy Liu pudesse interpretá-lo. No filme, O-Ren tem origem chinesa, japonesa e americana, assim como a atriz.
  • A cena em que a Noiva divide uma bola de basquete com uma espada foi realmente feita no set pela dublê de Uma Thurman, Zoe Bell.
  • A divisão da tela na cena em que Elle Driver dirige-se ao quarto da Noiva, no hospital, é uma homenagem ao diretor Brian De Palma.
  • A cena inicial é uma óbvia referência a uma cena similar do filme Três Homens em Conflito.
  • O roteiro levou seis anos para ser escrito, até que se decidiu por dividi-lo em dois filmes. O primeiro rascunho tinha cerca de 220 páginas.
  • Parte do filme foi rodada nos lendários estúdios Shaw Bros., em Hong Kong. Quentin Tarantino diz ter visto tantos filmes produzidos neste estúdio que considerou importante trabalhar lá.
  • Christopher Allen Nelson, que trabalhou na produção dos efeitos especiais, revelou que foram usados mais de 450 galões de sangue falso para os dois filmes.

Informações:


Título Original: Kill Bill: Vol. 1
Direção: Quentin Tarantino
Origem: EUA
Duração: 111 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 357 mb
Servidor: Megaupload

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Link único

30 agosto 2010

Download: Festim Diabólico (1948)



Sinopse:

Na cidade de Nova York, Brandon e Phillip assassinam seu amigo David, por considerarem-se superiormente intelectuais em relação a ele.

Com toda a frieza e arrogância, resolvem provar para eles mesmos sua habilidade e esperteza: esconderão o cadáver em um grande baú, que servirá como mesa e estará exposto no meio da sala de estar do apartamento deles, durante uma festa que realizarão logo em seguida. Baseado em uma história real.

Curiosidades:


  • Festim Diabólico foi o primeiro filme colorido do diretor Alfred Hitchcock.
  • O filme foi todo realizado em tomadas de 10 minutos e editado de tal forma que se tem a impressão que não houveram cortes durante as filmagens.
  • Ao invés de Hitchcock aparecer numa ponta, como em vários outros filmes dirigidos por ele, surge aos 55 minutos apenas seu logotipo em um letreiro de néon, que pode ser visto através da janela do apartamento onde ocorre toda a ação.
  • A história de Festim Diabólico foi inspirada no caso Leopold-Loeb, dois estudantes da Universidade de Chicago que cometeram um assassinato de forma bem parecida com a mostrada no filme.
  • Festim Diabólico esteve inacessível ao público em geral durante décadas. Isto porque Hitchcock comprou de volta os direitos de 5 de seus filmes e os deixou de legado para sua filha. Estes filmes receberam o apelido de "os 5 filmes perdidos de Hitchcock" e apenas estiveram novamente ao alcance do público em 1984, quando foram relançados nos cinemas, com uma distância de quase 40 anos desde seu primeiro lançamento. Os demais filmes do pacote eram Janela Indiscreta (1954), O Homem Que Sabia Demais (1956), Um Corpo Que Cai (1958) e O Terceiro Tiro (1955).
Informações:

Título Original: Rope
Direção: Alfred Hitchcock
Origem: EUA
Duração: 80 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: avi
Tamanho: 699 mb
Servidor: 4shared

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Torrent

27 agosto 2010

Download: Extermínio 2 (2007)


Sinopse:

Um vírus mortal aniquilou a Grã-Bretanha há 6 meses. Os Estados Unidos anunciam que a guerra contra a contaminação foi vencida, com a reconstrução do país tendo início. A 1ª leva de refugiados retorna ao país, o que faz com que uma família seja mais uma vez reunida. Porém um de seus integrantes carrega consigo uma variação do vírus, ainda mais mortífero que o original.

Curiosidades:
  • Precedido por Extermínio (2002). - Danny Boyle, diretor do filme original, rodou algumas cenas como diretor da 2ª unidade.
  • Estréia de Mackintosh Muggleton no cinema.
  • Foram necessárias 10 semanas de filmagens, iniciadas em agosto de 2006, com 9 sendo rodadas em Londres e uma em Hertfordshire.

Informações:

Título Original: 28 Days Later
Direção: Juan Carlos Fresnadillo
Origem: Inglaterra
Duração: 99 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 389 mb
Servidor: Rapidshare

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4

Download: Extermínio (2002)


Sinopse:

Após invadirem um laboratório de pesquisas em macacos, um grupo de ativistas encontra chimpanzés presos em gaiolas diante de telas que exibem continuamente cenas de extrema violência. Ignorando os avisos de um cientista que trabalha no local de que os macacos estariam infectos, os ativistas decidem libertá-los. Assim que são soltos os macacos atacam todos aqueles à sua volta, em verdadeiros ataques ensandecidos. 28 dias após este acontecimento desperta do coma em um hospital de Londres Jim (Cillian Murphy). Completamente confuso e estranhando a ausência de pessoas nas ruas, Jim nada sabe sobre o ocorrido e se esconde após encontrar diversos cadáveres e seres monstruosos, infectados pelo vírus disseminado. Após uma explosão Jim encontra outros sobreviventes, Selena (Naomi Harris) e Mark (Noah Huntley), que o levam a um local seguro e lhe explicam a situação atual. Decidido a reencontrar seus pais, Jim decide partir e é acompanhado pela dupla de novos companheiros. Até que, ao se refugiarem em um prédio, ouvem uma transmissão pelo rádio de que um grupo de soldados comandados pelo major Henry West (Christopher Eccleston) está se reunindo e diz ter a solução para a cura da infecção provocada pelo vírus. Sem outra alternativa, Jim, Selena e Mark decidem se juntar aos soldados em sua batalha.

Curiosidades:

  • Extermínio é o 1º filme dirigido por Danny Boyle que não conta com a participação do roteirista John Hodge.

  • Alex Garland, roteirista de Extermínio, é o autor do livro A Praia, que foi justamente o projeto anterior do diretor Danny Boyle para o cinema.

  • É o 1º de 2 filmes em que o diretor Danny Boyle e o ator Cillian Murphy trabalharam juntos. O posterior foi Sunshine - Alerta Solar (2007).

  • As cenas externas da cidade de Londres foram todas rodadas em poucas horas ao amanhecer em dias de semana. O elenco tinha apenas alguns poucos minutos para rodá-las a cada dia, sendo que pessoas da equipe pediam aos poucos pedestres que ocasionalmente apareciam para que aguardassem até que a cena fosse concluída.

  • Foi relançado nos cinemas americanos e brasileiros com um final alternativo de 4 minutos, que era exibido logo após o término do filme.


  • O orçamento de Extermínio foi de US$ 15 milhões.
Informações:

Título Original: 28 Days Later
Direção: Danny Boyle
Origem: Inglaterra
Duração: 112 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 333 mb
Servidor: Rapidshare

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4

Download: [Rec] (2007)


Sinopse:

Ángela Vidal (Manuela Velasco) é uma jornalista que, juntamente com seu operador de câmera Pablo (Pablo Rosso), faz uma reportagem em um quartel do Corpo de Bombeiros, na intenção de mostrar seu cotidiano. Porém o que aparentemente seria uma saída noturna rotineira de resgate logo se transforma em um grande pesadelo. Presos em um edifício, a equipe de filmagens e os bombeiros enfrentam uma situação desconhecida e letal.

Curiosidades:
  • Foi rodado em locações verídicas, sem que fosse necessária a construção de quaisquer sets de filmagens;
  • Durante as filmagens da cena em que um jovem bombeiro cai da escada nenhum ator sabia o que estava realmente acontecendo, o que fez com que as reações gravadas fossem as dos próprios atores naquele instante;
  • Não tem créditos iniciais;
  • Refilmado como Quarentena (2008);
  • Seguido por [REC] 2 (2009).
Informações:

Título Original: ([REC])
Direção: Jaume Balagueró , Paco Plaza
Origem: Espanha
Duração: 85 min
Idioma: Espanhol
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 245 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

26 agosto 2010

Download: Valerie e sua semana de deslumbramentos (1970)



Sinopse:

Valerie, uma jovem adolescente que vive com sua avó, começa a ter os primeiros contatos com sua consciência sexual quando um grupo circense chega a sua cidade. Eaglet é um jovem que a presenteia com um par de brincos mágicos. A linha entre sonhos e realidade é tênue nesta fantasia psicológica surrealista. Uma história que trata de amor, medo, sexo e religião.

Informações:

Título Original: Valerie a týden divu
Direção: Jaromil Jires
Origem: Tchecoslováquia
Duração: 77 min
Idioma: Tcheco
Legendas: Português
Formato: avi
Tamanho: 350 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Artigo: A Origem (2010) de Christopher Nolan

"A Origem, de Christopher Nolan. Muito provavelmente, o melhor filme do ano."(Contém Spoiler a partir da segunda e terceira parte do texto)

Ao longo de sua carreira, o cineasta britânico Christopher Nolan comandou sete longas-metragens: Following, Amnésia, Insônia, Batman Begins, O Grande Truque, O Cavaleiro das Trevas e A Origem. Destes, assisti a seis (ainda não conferi sua estréia na função) e classifiquei todos, exceto um, como “cinco estrelas” (a refilmagem Insônia ganhou quatro). Mas mais significativo é o fato de que, dos cinco sobre os quais escrevi, nada menos do que três (incluindo este A Origem) inspiraram críticas que exigiram ser divididas em duas (ou - aqui - três) partes para que eu pudesse abordar melhor a complexidade temática e/ou narrativa das obras – e se você ficou confuso com a quantidade de números que citei neste primeiro parágrafo, aconselho que evite o novo trabalho do diretor, que tampouco oferece uma jornada fácil aos seus espectadores.

Concebido como uma mistura incrivelmente eficiente de Paprika, Sinédoque, NY, Rififi e Matrix, A Origem é uma ficção científica que faz jus aos melhores do gênero, apresentando-nos a conceitos intrigantes e dedicando-se, então, a explorá-los até suas conseqüências mais extremas. Escrito pelo próprio Christopher Nolan com uma inteligência que deixaria Philip K. Dick orgulhoso, o roteiro acompanha um grupo de espiões industriais que, liderados por Don Cobb (DiCaprio), invadem não os escritórios ou cofres das empresas-alvo, mas as mentes de seus principais executivos. Efetuando esta invasão durante os sonhos das vítimas, os ladrões são capazes até mesmo de simular níveis diferentes de “realidade” dentro da mente na qual se encontram com o objetivo de enganar o sonhador e convencê-lo a entregar seus segredos mais valiosos. É então que o poderoso Saito (Watanabe) decide contratar os espiões para que façam o procedimento inverso, plantando uma idéia na mente do jovem bilionário Robert Fischer (Murphy) – uma tarefa não só inédita, mas que pode trazer grandes riscos para Cobb e seu parceiro Arthur (Gordon-Levitt).

Um dos aspectos mais fascinantes deste intrigante conceito de invasão de sonhos (presente também na já citada animação Paprika e em Morte nos Sonhos) reside na idéia – perfeitamente explicada pela neurologia, que a identifica como um mecanismo de proteção do sono - de que fatores externos à mente possam influenciar os eventos presentes no universo onírico. Assim, sons, cheiros e movimentos detectados pela pessoa em repouso podem ser traduzidos em detalhes dos sonhos exatamente como o toque de um despertador muitas vezes é absorvido e transformado num som “reconfigurado” pela mente adormecida – algo que Nolan emprega ativamente no filme, por exemplo, ao trazer uma chuva torrencial como conseqüência da vontade do “sonhador” de ir ao banheiro ou, num dos melhores momentos do longa, ao enfocar um hotel que deixa de respeitar as leis da gravidade em função da situação caótica na qual se encontram as pessoas em cujos sonhos aquele prédio se encontra. Estas subversões da lógica do “mundo real”, aliás, são impecavelmente ilustradas pelos brilhantes efeitos visuais, que só não serão indicados ao Oscar caso os membros da Academia tenham dormido durante a projeção. Da mesma maneira, o fantástico design de produção se encarrega de dar vida a ambientes que, mesmo trazendo uma aparência sólida de realidade, freqüentemente surpreendem ao revelar níveis de insuspeita complexidade, como a “escadaria infinita”, o limbo arquitetado por Cobb ou a luxuosa edificação que abre a narrativa.

Aliás, em um primeiro momento, é possível que esta “aparência sólida de realidade” possa ser interpretada como uma oportunidade desperdiçada por Nolan e sua equipe – afinal, numa narrativa intensamente calcada num universo onírico, por que não subverter constantemente as leis da física e investir em mudanças abruptas (e mesmo absurdas) da geografia ou da lógica do que estamos vendo? Por que, por exemplo, ninguém se flagra nu em público ou descobre-se incapaz de se mover, representando sonhos comuns que poderiam despertar reações no espectador que enxergasse suas próprias experiências como “sonhador” na tela? A resposta, creio, deve-se mais à disciplina do cineasta como contador de histórias do que a uma possível falta de imaginação: já bastante convoluta ao envolver múltiplos níveis de realidades que se engolem como bonecas russas, a narrativa poderia facilmente atravessar a fronteira entre o complexo e o incompreensível, sendo prejudicada justamente por suas ambições. Além disso, ao trazer a figura de uma arquiteta (Page), Nolan justifica narrativamente a “solidez” do sonho, que surge, então, cuidadosamente planejado e organizado pelos invasores justamente para que se apresente com um mínimo de coerência interna que permita sua ação como espiões.

Ainda assim, A Origem não busca simplificar sua narrativa para o espectador, já que, além de envolver, como já citado, níveis diferentes de sonhos-dentro-de-sonhos (algo que fica claro na seqüência que abre o filme), logo descobrimos que o tempo tem duração diferente dependendo da profundidade na qual os heróis se encontram. Neste sentido, aliás, o roteiro busca complicar ao máximo o trabalho do montador Lee Smith, que, além de manter a ação num ritmo constante, é obrigado a enfocar ações paralelas que se passam em ambientes com regras próprias quanto à duração dos eventos que abrigam – e tudo isso sem que permita que a narrativa se torne indecifrável para o público, saindo-se admiravelmente bem na tarefa. (Já indicado ao Oscar por Mestre dos Mares e O Cavaleiro das Trevas, Smith provavelmente voltará à cerimônia pela terceira vez graças ao seu excepcional esforço nesta produção.)

Enquanto isso, o compositor Hans Zimmer faz um de seus melhores trabalhos ao criar uma trilha que já confere uma atmosfera sinistra e sombria ao filme desde os seus primeiros segundos, mas que, além disso, exibe uma lógica interna fabulosa ao empregar a base melódica da canção “Non, Je Ne Regrette Rien” (tornada famosa por Édith Piaf) como fonte do tema principal da narrativa ao executá-la numa cadência mais lenta – o que estabelece uma rima musical/temática perfeita com a música de Piaf, que, afinal, desempenha importante papel na trama. Da mesma forma, os figurinos ajudam a estabelecer com eficiência as personalidades dos personagens, desde as roupas mais joviais de Page aos ternos sóbrios de DiCaprio, passando pelos vestidos de femme fatale exibidos por Marion Cotillard. Vale observar, também, a importância de detalhes como a aliança de Cobb, que pode ou não ser vista em sua mão ao seguir uma lógica interna impecável.

Contando com um elenco admirável, Nolan extrai de seus atores os atributos necessários para que cada personagem desempenhe um papel preciso e importante na história: DiCaprio, dividindo características de composição apropriadamente reminiscentes de sua atuação em Ilha do Medo (com o qual A Origem formaria excelente sessão dupla), surge tenso e gradualmente mais angustiado e inseguro à medida em que a projeção avança, ao passo que Joseph Gordon-Levitt, como Arthur, exibe uma firmeza de ação que mantém o público sempre convencido de sua competência e de sua importância para os planos do parceiro. Marion Cotillard, por sua vez, encarna, como já dito, uma femme fatale que poderia ter saído diretamente de um noir, enquanto Ellen Page, como uma jovem que ganha a oportunidade de realizar o sonho de qualquer arquiteto (literalmente, neste caso), evita se tornar apenas a personagem “novata” que, como tal, é usada exclusivamente como recurso expositivo para esclarecer conceitos para o espectador; em vez disso, ela se torna peça importante ao fazer jus ao nome e auxiliar os demais em suas trajetórias dentro dos sonhos.

Respeitando o espectador ao não insistir em interromper a narrativa periodicamente para mastigar os acontecimentos, Christopher Nolan mantém esta confiança até o instante final da projeção, evitando um desfecho auto-explicativo que simplifique e resolva tudo para o público – que, assim, sairá do cinema discutindo ativamente o significado do que acabou de testemunhar (incluindo, claro, a cena final). Isto não quer dizer, porém, que A Origem não se resolva; a diferença é que, graças à complexidade de sua narrativa, o filme permite múltiplas conclusões igualmente satisfatórias.

E o melhor é que, para cumprir a tarefa de decifrar completamente estas alternativas, tudo o que o espectador deve fazer é se dar o presente de mergulhar novamente no inteligente e fascinante universo construído por este que vem se confirmando como um dos melhores diretores da atualidade. Uma tarefa de sonhos, convenhamos.

Mapeando a Origem

De modo geral, A Origem não é uma obra que busca complicar muito a vida do espectador. Sim, ao estabelecer o conceito de sonhos construídos dentro de outros sonhos, é possível que, aqui e ali, acabe levando o público a confusões momentâneas (em certo instante, Ariadne pergunta: “Agora estamos entrando no inconsciente de quem, mesmo?”), mas basta um pouco de paciência para que logo alcancemos os personagens e voltemos a nos situar dentro da narrativa.

Este jogo tem início logo na seqüência que abre o filme e que logo revela estar ocorrendo dentro de um sonho. Buscando convencer Saito a confiar seus segredos a ele, Cobb explica o conceito dos invasores de sonhos e se apresenta como um especialista capaz de treinar o executivo para que este seja capaz de se defender de espiões como ele. Segundos depois, no entanto, descobrimos que Cobb e Arthur já se encontram em um sonho, que acaba entrando em colapso quando Saito percebe a armação. Com a ação aparentemente frustrada, todos despertam em um pequeno apartamento e o japonês se mostra desapontado com a obviedade da estratégia dos ladrões – até que, ao observar um detalhe do cenário, percebe estar em outro sonho.

É assim, portanto, que Nolan estabelece um dos conceitos principais de seu filme – e a pergunta que os espectadores mais curiosos irão fazer é: mas, afinal, quem eram os responsáveis por cada “nível” de sonho?

Neste primeiro exemplo, a resposta é relativamente simples: Cobb, Arthur e Nash (Haas) se encontram em um trem-bala ao lado de Saito no mundo real. Quando todos adormecem, o “sonhador” que abriga o ambiente onírico é Nash, o arquiteto – e este primeiro nível de sonho é justamente o apartamento. A partir daí, Arthur e Cobb voltam a mergulhar em sedação ao lado de Saito, criando um segundo nível no qual o “sonhador” é Arthur – e descobrimos isso quando este é “morto” e volta ao primeiro nível, quando, então, o segundo sonho passa a entrar em colapso graças à sua ausência. Nesta seqüência, aliás, também descobrimos uma informação importante: o “sonhador” responsável por cada nível deve permanecer no ambiente que está hospedando enquanto os demais mergulham em camadas mais profundas – exatamente como Nash permaneceu no “apartamento”.

A partir destas informações acerca do mecanismo dos sonhos, podemos mapear com mais facilidade a complexa seqüência que surge como clímax da narrativa: no mundo real, Cobb, Arthur, Ariadne, Saito, Eames (o excelente Tom Hardy) e Yusuf (Rao) sedam o bilionário Fischer no avião – e todos entram em um sonho abrigado pelo especialista em sedação, Yusuf (sabemos disso por dois motivos: como ele está com a bexiga cheia, o sonho envolve chuva; e, mais tarde, quando todos mergulham em um nível mais profundo, ele permanece ali para manter o sonho estável). Nesta camada, o propósito da equipe é plantar o início da idéia na mente de Fischer, que deve ser levado a dividir o império deixado pelo pai.

Para isso, a equipe “seqüestra” o sujeito e Eames assume a identidade de Browning (Berenger), um homem no qual a vítima confia completamente. O propósito final, lembrem-se, é levar Fischer a abrir um cofre no nível mais profundo de seu inconsciente, descobrindo a semente de uma idéia que deverá acreditar ser sua. No entanto, para isso é fundamental que o rapaz acredite estar abrindo um cofre inviolável, sem desconfiar que a tal “semente” (um testamento que, assumindo a forma de um cata-vento, reforça sua ligação com a própria infância) foi plantada ali pelos invasores. É por esta razão que “Browning” (na realidade, Eames) revela a existência do tal testamento e Cobb obriga Fischer a dizer os primeiros números que surgirem em sua mente.

De posse destes números, todos (com exceção de Yusuf, que permanece no primeiro nível) voltam a se sedar, mergulhando num sonho que desta vez é abrigado por Arthur – reparem que o design básico do hotel remete às cores do sonho que abre o filme, também hospedado pelo personagem – e percebam que é ele quem ficará para trás quando todos descerem para o terceiro nível. Ali, Cobb se reapresenta a Fischer (que já esqueceu o sonho anterior) e explica que estão num sonho ameaçado por invasores, pedindo que este tente se “lembrar” do que estão buscando os ladrões – e é aí que os números anteriormente “plantados” são novamente reapresentados ao rapaz na forma de um número de telefone. Convencido de que aquele telefone foi originado por seu próprio inconsciente, Fischer é convencido de que eles representam o número de um quarto de hotel, sendo levado para lá por Cobb e sua equipe.

O bilionário encontra-se, então, plenamente convencido de estar sendo guiado por projeções de seu próprio inconsciente, sem desconfiar de que Cobb, Ariadne e os demais são invasores reais. É então que Eames volta a assumir a aparência de Browning e se apresenta como traidor ao rapaz, que fica atordoado com a revelação. Cobb, aproveitando a vulnerabilidade provocada na vítima, sugere que todos entrem no sonho de “Browning” para descobrir o que este tramava – e Fischer prontamente aceita, sem saber que, na realidade, estará entrando na mente de Eames.

Que, portanto, abriga o terceiro nível dos sonhos. É ali que se encontra o cofre que, aberto com os números que Fischer agora julga serem criação sua, revelará a semente da idéia encomendada por Saito – e que o pobre rapaz acreditará ter sido originada em sua própria mente.

Contudo, as coisas se complicam: Fischer e Saito são mortos antes do cofre ser aberto (na realidade, Saito vinha ferido desde o primeiro nível). Normalmente, a morte nos sonhos apenas levaria a vítima a despertar, mas a forte sedação, impedindo que isto ocorra, arremessa o sonhador a um nível mais profundo que Cobb batiza de “limbo”. Sem um ambiente planejado por um arquiteto, este limbo surgiria como um espaço vazio no qual seus ocupantes compartilhariam seus inconscientes – isto se Cobb e sua falecida esposa não tivessem passado o equivalente a 50 anos naquele nível, preenchendo-o com suas memórias e fantasias. É ali que Fischer é encontrado por Cobb e Ariadne depois que estes voltam a se sedar no terceiro nível (deixando Eames para trás, logicamente).

A esta altura, Nolan já levou o espectador a conhecer cinco níveis de realidade que apresentam ações paralelas: o mundo real e as camadas sonhadas por Yusuf, Arthur e Eames, além, claro, do limbo. E estabeleceu, também, que o tempo tem durações diferentes nestes “andares”: dez horas de sono no mundo real equivalem a uma semana no primeiro nível, alguns meses no segundo e dez anos no terceiro – um conceito fundamental para o despertar dos personagens, que só podem abandonar cada nível com a utilização de um “chute” (algo que provoque um grande choque, como uma queda ou a sensação de mergulhar em água gelada).

Reencontrando Fischer, Ariadne agora deve levá-lo de volta ao terceiro nível e, para isso, sincroniza um “chute” com a ressuscitação feita por Eames no andar superior – e quando este usa o desfibrilador no “corpo” do rapaz, a arquiteta atira-o de uma grande altura, no limbo, levando-o a despertar novamente diante do cofre. (Caso não tivesse sido simultaneamente ressuscitado por Eames no terceiro andar, Fischer simplesmente voltaria a morrer e retornaria ao limbo.) Em seguida, Ariadne também se atira do prédio e, com o “chute”, volta ao nível superior.

E é neste momento que Christopher Nolan e o montador Lee Smith orquestram um momento tão magnífico que, confesso, fui levado às lágrimas durante a projeção simplesmente por admirar a beleza da carpintaria dramática da seqüência: para que possam retornar ao primeiro nível dos sonhos (e, daí, para o mundo “real”), os heróis são obrigados a sincronizar os “chutes” em cada andar para que estes ocorram milissegundos antes dos “chutes” que virão no nível seguinte, levando-os, assim, de volta ao início. Para isso, usam a música cantada por Piaf como aviso sonoro que penetra em todas as camadas, permitindo que coordenem suas ações – e vê-los despertando em seqüência em cada “andar” foi algo que me comoveu de maneira inesperada justamente em função da inteligência e da elegância da estrutura da narrativa.

Uma estrutura que, claro, ainda precisaria de mais algum tempo para se completar de vez, já que, afinal, ainda deveria lidar com Cobb e Saito, que permaneciam presos no limbo.

O Fim da Origem

O que descobrimos, quase no desfecho do longa, é que Cobb já havia plantado uma idéia que resultara em desastre: depois de permanecer o equivalente a décadas no limbo ao lado de Mal (Cotillard), ele se apossara de seu totem para convencê-la de que aquilo era apenas um sonho.

(Um totem é um objeto que o “sonhador” deve escolher no mundo real e que apenas ele deve tocar; assim, ao manipulá-lo – e por ser a única a conhecer suas características -, a pessoa saberá se está sonhando ou não.)

Assim, depois de ser perseguido pela projeção das lembranças da esposa (que se matara no mundo real por julgar ainda estar em um sonho), Cobb finalmente a confronta no limbo e é apunhalado enquanto Ariadne retorna com Fischer para o terceiro nível. Isto, porém, é o ideal, já que, ao voltar a morrer – e ainda sob forte sedação -, o sujeito simplesmente retorna ao limbo, o que lhe permite encontrar Saito, que, tendo chegado ali antes (e em função do tempo dilatado nos níveis mais profundos), agora é um velho que beira a insanidade. O protagonista então busca alertar o outro sobre a realidade daquele lugar, tentando convencê-lo a se matar – já que, com o fim da sedação, a morte agora levaria ambos de volta ao mundo consciente.

Saito parece mover a mão em direção à arma que se encontra à sua frente e... Cobb e Saito despertam no avião. Inocentado graças à interferência do japonês, o herói retorna à sua casa e reencontra os filhos, finalmente sendo capaz de enxergar seus rostos (algo que o afligia durante toda a projeção). Nos segundos finais do filme, porém, ele gira seu totem sobre uma mesa, para certificar-se de que não está sonhando, mas abandona o aposento antes que o objeto pare de rodar – o que comprovaria estar no mundo real. Nolan, sádico, enfoca o totem por mais algum tempo, mas corta para os créditos finais antes que este finalmente interrompa o movimento, deixando o público inseguro acerca do que acabou de ver.

Afinal, Cobb voltou realmente a se encontrar com os filhos ou ainda permanece sonhando?

É uma questão intrigante que permite respostas múltiplas: em primeiro lugar, seria possível até mesmo que Mal estivesse correta em sua percepção e que tudo o que vimos ao longo de A Origem fosse apenas um sonho de Cobb. Neste caso, ao se matar ela teria retornado de fato ao mundo consciente, deixando o marido preso nos sonhos embora este acreditasse justamente no oposto. Há alguns elementos ao longo da narrativa que poderiam indicar esta alternativa, desde a cena no porão de Yusuf, quando um velhinho que ministra sedação afirma que, para seus clientes, “o sonho se tornou realidade”, até o instante em que, sendo perseguido por alguns capangas, Cobb se espreme em um bequinho durante sua fuga – numa imagem típica de sonhos. Além disso, como o sujeito pegou o totem que pertencia à esposa, é possível que as cenas nas quais ele manipula o objeto para se certificar da realidade à sua volta sejam mentirosas justamente graças a algum tipo de falsificação feita pela dona original do brinquedo.

Esta explicação, no entanto, envolveria uma imensa desonestidade por parte de Nolan, que, afinal, gasta um tempo precioso explicando a função do totem – e seria impensável que, depois de tudo isso, o tal objeto simplesmente não desempenhasse função alguma. Assim, devo dizer que rejeito esta alternativa.

O que nos deixa, então, com a opção de que toda a ação do filme tenha de fato ocorrido e que apenas o destino final de Cobb se mantenha dúbio: ele conseguiu, afinal, abandonar o limbo depois de encontrar Saito ou não?

Por um lado, bastaria que Saito baleasse Cobb e se matasse em seguida para que tudo se resolvesse – e mesmo que o japonês se recusasse a fazê-lo, Cobb poderia matá-lo e cometer “suicídio”. No mínimo, ao tentar atacar Saito, Cobb provavelmente seria morto, retornando à realidade (é difícil acreditar que o outro o manteria prisioneiro no limbo e sob constante supervisão para impedir sua “morte”) – e como ambos surgem despertando no avião, é razoável acreditar que tudo tenha funcionado bem.

Por outro lado, isto seria funcionar bem demais. Afinal, com um telefonema Saito parece livrar Cobb da perseguição da justiça norte-americana e, pouco depois, o herói já se encontra reunido à família, o que é excessivamente conveniente. Além disso, é no mínimo estranho que seus filhos usem roupas praticamente idênticas àquelas que vestiam em seus sonhos, que façam movimentos estranhamente similares e – mais do que isso – que não pareçam ter envelhecido um segundo desde a última lembrança do protagonista, já que este parece ter ficado no mínimo um ou dois anos longe delas.

E há, claro, o totem. Ao ser girado nos sonhos, o objeto mantinha um movimento impecável, sem oscilações visíveis, ao passo que, na cena final, ele claramente oscila. Além disso, exatamente no instante em que Nolan corta para os créditos, há um som que poderia indicar o início da queda do objeto.

Que, contudo, poderia perfeitamente ter continuado a girar, indicado se tratar de um sonho.

Em outras palavras: cada espectador poderá chegar a uma conclusão perfeitamente legítima a partir de suas próprias inclinações. Aqueles que apreciam um final feliz podem defender com convicção o reencontro de Cobb com os filhos, ao passo que os céticos não estarão errados em afirmar que o protagonista jamais despertou dos sonhos (ou, no mínimo, que ainda não voltou à realidade).

Minha percepção particular? Jamais poderemos ter certeza – e acredito que Nolan plantou esta dúvida por um motivo importante: o próprio Cobb, depois de ter vivenciado tudo aquilo, tampouco poderá sentir conforto na realidade. Ele sabe que seu totem pertencia a Mal e, assim, poderia ser manipulado em sonhos; ele sabe que a permanência no limbo acaba levando o sonhador a acreditar que aquele é o mundo real; e ele sabe que, da mesma forma que plantou a idéia em Mal de que tudo não passava de um sonho, ele mesmo pode ter sido vítima desta semente – como aponta a última conversa que mantém com a esposa diante de Ariadne, antes de ser esfaqueado.

Assim, a incerteza do espectador diante do final reflete apenas a dúvida do próprio protagonista acerca de sua própria realidade. Uma solução que, confesso, me encanta pela elegância e simetria e que, portanto, passo a defender como a definitiva.

Fonte: Cinema em Cena.

Download: A Origem (2010)


Sinopse:

Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.

Curiosidades:
  • O argumento do filme escrito pelo diretor Christopher Nolan foi mantido sob sigilo durante a produção;
  • Leonardo DiCaprio foi a única escolha do diretor e da produtora Emma Thomas para viver Cobb;
  • O ator James Franco chegou a ser cogitado para atuar no filme, mas devido aos conflitos de agenda o papel de Arthur acabou com o ator Joseph Gordon-Levitt;
  • A atriz Evan Rachel Wood foi a primeira escolha de Nolan para viver o personagem Ariadne, mas ela o recusou;
  • A atriz Aishwarya Rai (A Pantera Cor-de-Rosa 2) foi considerada para pegar o papel de Mal, mas Marion Cotillard segurou o personagem;
  • O filme marca o retorno de Tom Berenger aos cinemas. Sua última estreia nas salas escuras foi em Dia de Treinamento (2001). Desde então o ator tem feito produções para a televisão ou filmes lançados diretamente nas locadoras;
  • Este é o 4º filme em que o diretor Christopher Nolan e o ator Michael Caine trabalham juntos. Os anteriores foram Batman Begins (2005), O Grande Truque (2006) e Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008);
  • Este é o 3º filme em que o diretor Christopher Nolan e o ator Cillian Murphy trabalham juntos. Os anteriores foram Batman Begins (2005) e Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008);
  • O nome do personagem Cobb é o mesmo de um dos personagens principais de Following (1998), estreia de Nolan na direção de um longa;
  • O visual do logotipo do filme lembra a marca da produtora Syncopy, do próprio Christopher Nolan;
  • Depois dela, foram cogitadas Emily Blunt, Rachel McAdams e Emma Roberts, mas a escolhida acabou sendo Ellen Page;

  • A Origem é o primeiro filme original dirigido por Christopher Nolan desde Following (1998). De lá para cá o cineasta trabalhou em refilmagens, adaptações de livros ou quadrinhos etc;
  • As atrizes Marion Cotillard e Ellen Page, por coincidência, disputaram o Oscar de Melhor Atriz em 2008, tendo Cotillard ficado com o prêmio.

Informações:

Título Original: Inception
Direção: Christopher Nolan
Origem: EUA
Duração: 148 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Qualidade: TS
Tamanho: 475 mb
Servidor: Megaupload | Rapidshare

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ou

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24 agosto 2010

Download: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977)



Sinopse:

Alvy Singer (Woody Allen), um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de um certo período crises conjugais começam a se fazer sentir entre os dois.

Curiosidades:
  • O nome verdadeiro da atriz Diane Keaton, que namorava com Woody Allen por ocasião das filmagens, é Diane Hall, e seu apelido entre os amigos é Annie.
  • O nome do ator Christopher Walken aparece escrito de forma errada nos créditos do filme.
  • Annie Hall é o filme de estréia da atriz Sigourney Weaver, que aparece bem no final do filme, interpretando uma personagem sem falas.
  • As roupas utilizadas pela personagem Annie Hall pertenciam à própria atriz Diane Keaton.
  • Marshall McLuhan representa ele mesmo na célebre seqüência da fila do cinema.

Informações:

Título Original: Annie Hall
Direção: Woody Allen
Origem: EUA
Duração: 95 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 290 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Download: O Operário (2004)


Sinopse:

A última vez em que Trevor Reznik (Christian Bale) dormiu foi há um ano, sendo que desde então o cansaço vem destruindo progressivamente sua saúde física e mental. Ele trabalha numa fábrica operando maquinário pesado, e faz de tudo para manter seu emprego. Envergonhado por causa de seu problema, Trevor isola-se cada vez mais, tornando-se paranóico. Depois de se envolver em um acidente no trabalho em que um homem perde um braço, Trevor começa a crer que seus colegas estão conspirando para demiti-lo. Ele precisará lutar não apenas para se manter no cargo, mas também para manter a sanidade.

Curiosidades:
  • Christian Bale perdeu 28 quilos para interpretar seu personagem;

  • A dieta feita pelo ator consistia apenas em uma lata de atum e uma maçã por dia;

  • Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2004;

  • O orçamento de O Operário foi de US$ 5 milhões.

Informações:


Título Original: The Machinist
Direção: Brad Anderson
Origem: Espanha
Duração: 102 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: avi
Tamanho: 700 mb
Servidor: Mediafire

Link:

Torrent - Mediafire

23 agosto 2010

Download: Bastardos Inglórios (2009)



Sinopse:

Durante a Segunda Guerra, na França ocupada pelo exército alemão, a jovem Shosanna Dreyfus (Mélaine Laurent) testemunha a execução da família pelo coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Porém, ela consegue escapar e passa a viver sob a identidade de uma proprietária de cinema em Paris, enquanto aguarda o momento certo para se vingar.
Ainda na Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) organiza um grupo de soldados judeus para lutar contra os nazistas.
Conhecido pelo inimigo como Os Bastardos, o grupo de Aldo recebe uma nova integrante, a atriz alemã e espiã disfarçada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger), que tem a perigosa missão de chegar até os líderes do Terceiro Reich.

Curiosidades:
  • Leonardo DiCaprio chegou a ser cogitado para protagonizar o filme.
  • A alemã Nastassja Kinski estava cotada para viver Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger).
Informações:

Título Original: Inglourious Basterds
Direção: Quentin Tarantino
Origem: EUA, Alemanha
Duração: 153 min
Idioma: Inglês, Alemão, Francês, Italiano
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 500 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Download: Anticristo (2009)




Sinopse:


Após a perda do filho, casal se refugia em uma cabana na floresta, com o objetivo de se recuperar do sofrimento.

Curiosidades:


  • "Anticristo" participou da Seleção Oficial do Festival de Cannes em 2009.Charlotte
  • Gainsbourg ganhou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes por Anticristo.
Informações:

Título Original: Antichrist
Direção: Lars Von Trier
Origem: Dinamarca, Alemanha, França, Suécia, Itália, Polônia
Duração: 108 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 260 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Download: Cannibal Ferox (1981)



Sinopse:

Três jovens viajam em busca da comprovação da tese de que o canibalismo não existe, onde encontram dois homens que buscavam esmeraldas no local.

Curiosidades:

  • Para economizar, o diretor Umberto Lenzi reaproveitou cenas, efeitos especiais e a trilha sonora de seus outros filmes sobre canibalismo (MAN FROM THE DEEP RIVER e MANGIATI VIVI).
  • Os dois astros deste filme trabalharam em outras produções da época sobre o mesmo tema: John Morghen (Giovanni Lombardo Radicci) esteve em CANNIBAL APOCALYPSE, e Robert Kermann no clássico CANNIBAL HOLOCAUST e MANGIATI VIVI.
  • Em todas as entrevistas que dá, John Morghen não deixa de ressaltar o quanto ele odeia este filme, inclusive xingando o diretor Umberto Lenzi, com quem brigou o tempo todo durante a produção.O pivô da discórdia foi quando Lenzi pediu que Morghen esfaqueasse um porco real, de verdade, em frente às câmeras. Quando o ator recusou, Lenzi saiu-se com esta: “Se fosse o Robert DeNiro, ele faria isso sem discutir!”. Ao que Morghen respondeu: “Se fosse o Robert DeNiro, ele ia chutar o teu traseiro de volta até Roma!”.
  • Os distribuidores do filme na Europa foram processados por obscenidade.
  • O filme foi tão cortado no lançamento na Inglaterra que ficou com menos de 60 minutos.
  • Ao ser lançada a versão “uncut” em laser disc, em 1998, o filme vinha acompanhado de um saco de vômito.
  • O trailer de cinema anunciava que CANNIBAL FEROX era “o mais ultrajante e violento filme já feito”.
  • Perry Pirkanen, o loiro que supostamente morreu “de verdade” em CANNIBAL HOLOCAUST (1979, de Ruggero Deodato), faz uma participação neste filme, sem crédito, como Paul.

Informações:

Título Original: Cannibal Ferox
Direção: Umberto Lenzi
Origem: Itália
Duração: 90 min
Idioma: Inglês, Espanhol
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 320 mb
Servidor: Megaupload

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Parte única

Artigo: Cannibal Ferox (1981)




Hoje irei falar de uma interessante (e grosseira, assim dizendo) obra italiana de terror dos anos 80: Cannibal Ferox, do diretor Umberto Lenzi.

Antes de começar a falar sobre este polêmico filme, vou dissertar um pouco sobre o que podemos chamar de "ciclo canibal italiano". Movimento esse que teve início na década de 70, começando pelo próprio Lenzi, com seu 'Il Paese del sesso selvaggio',
de 1974. Mas esse chegou ao ápice quando Ruggero Deodato realizou dois dos mais importantes filmes do gênero, 'Ultimo Mondo Cannibale' de 77 e 'Cannibal Holocaust' de 79, sendo esse seu mais famoso filme, e o que desencadiou dezenas de "cópias".

Bom, Cannibal Ferox marca o fim desse clico canibal, mas não sendo esse o único motivo da fama que o filme leva. De fato, a violência é a grande responsável, e disso o filme tem muita, sendo considerado por muitos como o filme mais violento já feito.
O mais violento ou não, Cannibal Ferox é realmente violento, extremamente gráfico e grosseiro. Mas agora, é um bom filme? De um modo, não o considero um bom filme, este mesmo contendo um roteiro mal trabalhado, direção fraca, atuações medíocres... enfim, um festival de bobagens que só é ofuscada pelas violentas cenas, que são o único atrativo da obra, digasse de passagem.

O filme começa mostrando o assassinato de um comprador de drogas, que é morto por dois mafiosos (um deles sendo interpretado por Perry Pirkanen, que em outros momentos melhores interpretou o cinegrafista de Cannibal Holocaust e o coveiro de Paura Nella Cittá Dei Morti Viventi) que estão a procura de Mike Logan, que lhes deve uma grande quantia em dinheiro.Neste momento, o cenário muda da cidade grande para a floresta Amazônica, mais precisamente no Paraguai, onde um grupo de 3 jovens estão em busca de uma vila chamada Manioca, lugar onde uma das jovens deseja realizar pesquisas para sua conclusão da tese. Esta tese tem justamente o intuito de comprovar que o canibalismo é um mito social, e que não existe ou nunca existiu, preconceito adquirido pela sociedade "civilizada".
Resumindo: Eles logicamente se perdem a procura de tal vilarejo indígena, caso contrário não teríamos filme.E é nesse momento onde nossos heróis encontram Mike Logan (aquele na qual os criminosos estavam procurando), fazendo com que a trama secundária tome sentido.

Apesar de conter elementos que dariam uma boa trama, o roteiro é mal trabalhado ao longo do filme, e são em momentos como esse (em que as atenções voltam-se para a cidade) que é notável o quão perdida é a direção.As atuações são de médias a péssimas, principalmente em cenas onde uma atuação melhor faria a diferença, como por exemplo, quando Logan começa a abusar de dois índios, e mata cruelmente uma sem motivos, ou quando outro índio morre em uma armadilha.
Agora, o que realmente faz de Cannibal Ferox um filme que, diga-se de passagem, merece ser assistido? A violência chocante e gratuita.
Como muitos dos filmes do ciclo canibal, Cannibal Ferox é recheado de cenas onde animais são brutalmente mortos, com o único propósito de chocar aquele que assiste. Para ter noção de quão gratuitas algumas delas são, há uma absurda e grotesca cena onde uma das jovens cai em uma armadilha, um buraco no chão, ficando presa junto com um porco. É então que Logan (o ator que o interpreta se recusou a realizar tais atos, sendo gravada somente sua expressão e a mão de outro) desce no buraco e antes mesmo de ajudá-la, desfere crueis facadas no pobre porco, que, mesmo tal cena sendo rápida, não deixa de ser bizarra e cruel.
Temos ainda um quati sendo morto por uma cobra, uma tartaruga (cena imitada de cannibal holocaust, mas menor), um jacaré e outros animais sendo assassinados em frente as câmeras.

As mortes envolvendo seres humanos não devem nada no quesito crueldade, e são tão grotescas quanto (a diferença é que essas são feitas a partir de maquiagem). Entre elas vale destacar uma das mulheres sendo suspense por ganchos nos seios (é engraçado ver como os índios utilizam certas ferramentas do tipo...) e uma cabeça sendo aberta com um facão, e o cérebro do "pobre" homem branco sendo devorado.Há outras bem mal-feitas, como um homem sendo aberto com uma lança, onde é claramente visível o sangue falso saindo da lança.

Outra parte que me chamou atenção foi a forma preconceituosa com que os personagens do filme tratavam o Paraguai, local onde supostamente eles encontrariam a vila dos canibais, brindando o espectador com falas como: "Eu pensei que Paraguai fosse uma cidade de verdade" ou até mesmo: "Como se soletra Paraguai?".

Em relação a suposta mensagem que o diretor Lenzi queria passar para o público com seu filme, ela é bastante semelhante a de outros filmes do gênero, como Cannibal Holocaust, onde põe-se em discussão "quem serão realmente os canibais?".

A diferença é que aqui o diretor simplesmente joga isso na cara de quem o assiste, mostrando o quão óbvio é errado o fato dos ditos humanos civilizados explorarem os indígenas.
Apesar de ser uma idéia extremamente relevante, a forma com que ela é transmitida e os argumentos do diretor acabam não funcionando. Isto é, ao longo do filme, quem assiste até esquece do mal causado pelos "bandidos", tamanha a violência com que eles são tratados pelos canibais. Vale apontar também que a maioria das mortes é gratuita, pois foi praticamente só Logan que cometeu barbárie contra os índios, enquanto todos tiveram que pagar pelo seu erro.

Minhas considerações finais são de que Cannibal Ferox funciona como um filme que choca, principalmente por ser muito gráfico e grosseiro, mais até que Cannibal Holocaust, mas não utiliza da melhor forma o roteiro que possui, além de não apresentar nada de novo pra época, apenas uma repetição de fórmulas já utilizadas.



Artigo escrito por Andrigo dos Santos Rosa
.

Artigo: Dogville, de Lars Von Trier

e
Uma obra-prima para quem gosta de cinema inteligente, que faz pensar. Elenco incrível.

Dogville é genial. Não consigo imaginar um outro adjetivo para definir esta mais nova obra do dinamarquês Lars von Trier, que já nos havia brindado com obras como Dançando No Escuro e Ondas do Destino. Um dos fundadores do Manifesto Dogma 95, junto com Thomas Vinterberg, no qual um conjunto de regras determinam a criação de um filme - a não-utilização de cenários, utilização de som natural, usar a câmera na mão sem qualquer tipo de suporte, entre outros paradigmas - Trier subverteu totalmente sua própria fórmula (bom dizer que ele jamais a seguiu fielmente) ao criar este que é o melhor filme da sua carreira: toda a ação ocorre em um grande tablado, onde os cenários não existem (são apenas riscas de giz determinando o cenário, e há apenas alguns objetos cenográficos no chão); a iluminação é totalmente artificial; inclusive, há até um diretor de fotografia - Anthony Dod Mantle - creditado. O filme chegou a concorrer no Festival de Cannes ano passado (era o grande favorito), mas acabou não levando prêmio algum.

A intenção do diretor é criar uma trilogia sobre os Estados Unidos, iniciando-se com esta primeira parte. Curiosamente, o diretor jamais visitou o país pretensamente "homenageado" - ele costumeiramente é chamado de anti-americano e seus filmes jamais chegaram a fazer sucesso em solos ianques. Localizando sua história em um pequeno lugarejo nas Montanhas Rochosas - Dogville - durante a depressão ocorrida após a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, o filme centra-se em Grace (a bela, talentosa e magnífica Nicole Kidman, que cada vez mais prova ser a grande estrela da atualidade, mesmo trabalhando intensamente e não mantendo um padrão de qualidade em seus filmes), uma assustada moça que chega à pequena cidade fugindo de gângsters.

Ela é recolhida e assistida por Tomas Edison Jr. (o sempre excelente Paul Bettany, o Dr. Stephen Maturin em Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo) e ambos acabam tendo uma relação conturbada. Grace, aliás, acaba sendo descoberta por todos os moradores do local e acaba tendo sua permanência submetida a uma votação local. Ela consegue a permissão para ficar, desde que passe a prestar serviços para todos os habitantes, e acaba sendo submetida em uma espécie de escravidão. Obviamente, esta tênue linha que move Grace acaba se rompendo e o desfecho será trágico. Com um roteiro extremamente bem desenvolvido, escrito pelo próprio Lars von Trier, o filme dá margens a diversos tipos de interpretação e não se permite deixar de fazer sequer uma crítica mordaz à sociedade americana. E vai além: ele consegue analisar, apropriadamente, o comportamento humano, deixando psicólogos e sociólogos perturbados com seus devaneios subliminares.

O grande e fantástico elenco de apoio é mais um trunfo, mas que acaba se tornando o grande revés do filme. Excetuando-se Paul Bettany e a ótima Patricia Clarkson (que acabou sendo descoberta ano passado quando foi indicada ao Oscar de coadjuvante por Do Jeito Que Ela É), é impossível não se ressentir com o mal aproveitamento da grande Lauren Bacall, por exemplo. E olha que o filme tem James Caan, Jeremy Davies (o louquinho de O Hotel de Um Milhão de Dólares), Philip Baker Hall, Chlöe Sevigny e Stellan Skarsgärd. Não deixando de lembrar que o filme é todo narrado por John Hurt.

Von Trier é um grande marqueteiro e pode ter uma legião de odiadores tão grande quanto o seu fã-clube, mas consegue, a cada obra realizada, uma grande façanha: a de manter nossas mentes ocupadas por um bom tempo após a subida dos créditos finais.

Texto adaptado do site Cineplayers.

Download: Dogville (2003)


Sinopse:

Anos 30, Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas. Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece no lugar ao tentar fugir de gângsters. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), o auto-designado porta-voz da pequena comunidade, Grace é escondida pela pequena cidade e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que após duas semanas ocorrerá uma votação para decidir se ela fica. Após este "período de testes" Grace é aprovada por unanimidade, mas quando a procura por ela se intensifica os moradores exigem algo mais em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre de modo duro que nesta cidade a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade.

Curiosidades:
  • Apesar de Dogville ser situado nos Estados Unidos, todas as filmagens ocorreram em estúdio na Suécia.
  • O orçamento de Dogville foi de US$ 9 milhões.
  • Trata-se do 1º filme de uma trilogia do diretor Lars Von Trier sobre os Estados Unidos. Os demais filmes são Manderlay(2005) e Washington(2007).
Informações:

Título Original: Dogville
Direção: Lars Von Trier
Origem: França
Duração: 177 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb; mkv
Tamanho: 560 mb ; 5,55 gb
Servidor: Megaupload; Mediafire

Links:

Parte única

Mediafire - Torrent

Download: O Código Tarantino (2007)


Sinopse:

Tarantino's Mind é um filme de curta-metragem brasileiro, estrelado por Seu Jorge e Selton Mello, com direção e roteiro coletivo da 300 ML e produção da Republika Filmes. Esteve entre os dez filmes internacionais mais votados pelo público na décima oitava edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
Dois amigos se encontram em um bar para falar sobre uma teoria de ligações entre os personagens dos filmes do diretor norte-americano Quentin Tarantino.

Informações:

Título Original: Tarantino's Mind
Direção: 300 ML
Origem: Brasil
Duração: 15 min
Idioma: Português
Legendas: Inglês
Formato: flv
Tamanho: 28 mb
Servidor: Megaupload

Links:

Parte única

22 agosto 2010

Download: 21 Gramas (2003)


Sinopse:

Três pessoas, Paul (Sean Penn), Jack (Benicio Del Toro) e Cristina (Naomi Watts), têm seus destinos cruzados em função de um acidente. A partir dele serão testados os limites do amor e da vingança, assim como a promessa da redenção. Vinte e um gramas é o peso que uma pessoa perde no momento da morte. É o peso carregado pelos que sobrevivem.

Curiosidades:

  • 21 Gramas é o 2º longa-metragem dirigido por Alejandro González-Iñárritu. O anterior fora Amores Brutos (2000).
  • O orçamento de 21 Gramas foi de US$ 20 milhões.
Informações:

Título Original: 21 Grams
Direção: Alejandro González-Iñárritu
Origem: EUA
Duração: 125 min
Idioma: Inglês
Legendas: Português
Formato: rmvb
Tamanho: 389 mb
Servidor: 4shared

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Torrent Legendado

21 agosto 2010

Artigo: A Trilogia das Cores de Krzystof Kieslowski

Depois do ensaio metafísico "A Dupla Vida de Verónique", o polonês Krzysztof Kieslowski deixou meio mundo a seus pés com um projeto ambicioso e ao mesmo tempo absolutamente simples. A sua "Trilogia das Cores" surgiu em meados dos anos 90 como um grito quase silencioso de que ainda havia lugar para a poesia, a beleza e a emoção no cinema. Dominada pelo frenético e muitas vezes descartável cinema americano, a década de 90 experimentou um novo modelo que não só reabilitou o cinema europeu mas também provou que o realismo, o drama humano e a sensibilidade do artista ainda podiam falar mais alto do que filmes baseados em orçamentos milionários e toneladas de tecnologias. Inspirada não só nas cores da bandeira da França, mas também nos lemas da Revolução Francesa, a sua trilogia podia ser vista como um ensaio, um reflexo da visão pessoal do cineasta polonês com relação aos processos da unificação européia da época, tanto econômica quanto política. Por isso, deve ser vista na íntegra, e na sequência original, em que, como uma peça em três atos aparentemente distintos mas que se complementam no fim, os três filmes apresentam personagens que protagonizam cada um dos filmes individualmente, mas interagem ao longo da trilogia, até o final arrebatador, em que serão reunidos por conta de uma tragédia com implicações simbólicas e até mesmo como metáfora da situação política da Europa refletida pela ótica do próprio Kieslowski. Diretor de dramas pesados e initimistas, Kieslowiski adotou uma nova filosofia a partir do "Decálogo" no final dos anos 80, e a sua trilogia de cores representa o amadurecimento de seu cinema, a combinação de poesia e sensibilidade e o uso de personagens comuns como símbolos universais. Cada núcleo de história é diferente dos demais, abrangendo os lemas um de cada vez e de forma individualizada. Assim, "A Liberdade é Azul", "A Igualdade é Branca" e "A Fraternidade é Vermelha", mas na visão do maior cineasta polonês desde Polasnki, tudo isso ganha um sentido mais abrangente.

Em "A Liberdade é Azul", o clima predominante é o de tragédia. Bela modelo tenta o suicídio após a morte do marido e da filha num acidente de carro. Frustrada na sua tentativa, ela redescobre um novo sentido para a vida e leva adiante o projeto do marido, que era compositor: um concerto sinfônico comemorativo da unificação da Europa. Vencedor do Leão de Ouro em Veneza, o filme aborda a tragédia pessoal para criar um roteiro envolvente, carregado de implicações existenciais e emoções intensas. O ritmo lento, aparentemente pesado do diretor acentua de tal forma o drama da personagem que o azul predominante na fotografia se torna reflexo da sua tristeza, que beira a depressão, a solidão e a amargura. Permite também à atriz Juliette Binoche uma atuação arrebatadora. A trilha sonora é uma das maiores composições já feitas pelo músico Zbigniew Preisner, habitual colaborador do cineasta.




Em "A Igualdade é Branca", os desígnios do coração movem os desejos de vingança de um humilde polonês que volta à terra natal numa mala de viagem, enriquece e arma um plano sofisticado para se vingar da esposa, que o humilhou em Paris. Mergulhando fundo na alma humana, nos sentimentos de vingança e paixão, o cineasta constrói um conto de fadas às avessas, cínico e até mesmo cruel quando explora os sentimentos mais recônditos do ser humano, frutos do desprezo e da traição que experimentam. Tanto quanto os desejos de vingança do cabeleireiro que se torna milionário graças a métodos ilícitos, a direção sombria de Kieslowski constrói um filme seco, tão árido na emoção quanto as paisagens geladas de Varsóvia, local onde se passa a história. O frio da paisagem e a frieza dos personagens emprestam o tom à fotografia, caracterizando o vazio e o pessimismo, e a noção de que os fins justificam os meios. A igualdade de direitos do cidadão, segundo a visão de Kieslowiski, assume ares sombrios e cínicos.




Em "A Fraternidade é Vermelha", Kieslowiski surpreende já no início do filme, usando de efeitos especiais para mostrar, através dos cabos telefônicos, o trajeto de uma ligação que esbarra num telefone ocupado. É a dificuldade de comunicação entre os seres humanos em nossa época, simbolizada no sinal de ocupado de um telefone, mas também refletido no relacionamento que surge entre uma solitária modelo que vive em Genebra e um juiz aposentado e desiludido que vive recluso em casa, espionando os vizinhos través de escutas telefônicas. Incapazes de estabelecer uma comunicação a princípio, a insistência dela acaba, aos poucos, transformando a visão dele sobre si próprio, a vida e as pessoas à sua volta. A fraternidade, segundo Kieslowski, está no poder que cada ser humano tem de interferir na vida de seu próximo através da co-existência, do sentido de agir ou de não-agir, na cumplicidade do simples ato de existir. O vermelho, mais presente do que o azul e o branco nos filmes anteriores, é a chama capaz de reacender a esperança diante de um novo tempo, simbolizado na cadela grávida e nos personagens que sobrevivem a um naufrágio.

Assim, ao final da trilogia, Kieslowski emenda as pontas soltas de seus dois filmes anteriores, reúne seus personagen em torno de um argumento único e concretiza de forma simpática, otimista e irônica a sua fé no ser humano e na unificação da Europa. Cada um dos filmes se baseia num jogo de interpretações entre um casal - a viúva e o amigo do casal em "Bleu", o marido polonês e a esposa francesa em "Blanc" e a modelo Valentine e o juiz aposentado de "Rouge" -, e no carisma e no talento de três atrizes que estão entre as mais talentosas surgidas nos anos 90: Juliette Binoche, Julie Delpy e Irene Jacob. A luminosidade dessas atrizes, além de toda a beleza que permeia a obra de Kieslowski, é responsável em grande parte pela força arrebatadora de sua trilogia, somada à direção de fotografia e à trilha sonora. A direção inspirada conduz o espectador por um profundo mergulho na alma de seus personagens, um estudo psicológico brilhante, marcado por momentos de rara poesia que somente os grandes diretores conseguem extrair de acontecimentos banais do cotidiano e a partir deles construir um painel sensível e significativo da condição humana. Seja no reencontro à distância do casal ao final de "Blanc", seja no encontro entre Valentine e o juiz vivido por Jean-Louis Trintignant em "Rouge", o resultado é sublime. Parece que Kieslowski percebeu que "Rouge" era o momento maior de sua carreira e talvez acreditando que não poderia superá-lo, decidiu abandonar a direção. A sua morte, pouco tempo depois, em 1996, deixou uma enorme lacuna nas páginas da cinematografia, difícil de ser preenchida.


Texto adaptado do site Cult Movies.