06 setembro 2011

Artigo: Em Sua Pele (2009)


Há barreiras na mente humana que o homem jamais poderá atravessar, nem em seus mais gloriosos sonhos, pesquisas ou medicina. Essa barreira é imposta por cada ser, variando sempre. Uma barreira, um mundo, onde coisas completamente absurdas podem se tornar completamente acessíveis e admissíveis, para si mesmos.

Porem, quem somos nós para tentarmos desvendar essa barreira, ou até mesmo criar teorias sobre ela. Se ela é tão difícil de ser alcançada podemos simplesmente apontar os fatos, deixar que nos apontem os fatos, observar histórias reais, relatos. Sentarmos em algum lugar confortável e deixarmos que alguém nos conte uma história sobre o quão doentia pode ser a mente humana.

Austrália, março de 1999. Uma história que tem como protagonistas: Caroline Reid e Rachel Barber. Uma história sobre um drama psicológico que afeta a vida de ambas as garotas, mas de formas diferentes.


Caroline Reid, o problema. Gorda, com os pais separados, odeia a si mesma (principalmente por sua aparência), problemática, depressiva e, porque não, incompreendida. Ridicularizada na escola, numa briga constante com a mãe e sem o tão querido afeto do pai.
Rachel Barber, a perfeição. Espírito livro, bonita, inteligente, talentosa, amada pela família e feliz. Cercada de amigos, apaixonada pelo belo namorado, cercada do amor e devoção por todos os lados.

Duas vidas completamente distintas, que quando se cruzam misturam adoração, inveja e raiva numa mente completamente conturbada. Onde uma mentira é construída, uma omissão é lançada e um dia que tinha tudo para ser normal acaba em tragédia e sofrimento.

Uma história verídica que ganha vida nas telonas e dá origem à In Her Skin (Em Sua Pele). Película australiana, lançada 10 anos após o acontecimento real, dirigido e roteirizado por Simone North.

Com um crime real em mãos Simone tenta nos levar ao ambiente em que uma garota, de 19 anos, com sérios problemas psicológicos decide livrar-se daquela que é ao mesmo tempo seu ponto de referência e sua maior “inimiga”. Mostrando-nos o drama pessoal em que Caroline vive, ela constrói o universo, superficialmente, de suspense em que a trama mergulha.

Este filme está muito longe de ser um daqueles suspenses massacrados de tensão e violência gratuita, é sim um suspense, mas é puro e temporal. É uma obra que trata de um caso que realmente aconteceu, um drama real em que uma família real fora vítima de uma mente completamente desconexa.

O fato é que em momento algum ele nos deixa esquecer de que estamos enfrentando a realidade de uma pessoa que não sabe lidar consigo mesma, com suas próprias emoções, ações e sentimentos. Entregando-nos em uma bandeja duas vítimas, a primeira vitima de si própria e a segunda vitima das ações de uma primeira. 

De um lado uma garota sem atenção alguma dos pais e do outro uma família que faz de tudo para encontrar a sua filha. Dois pólos distintos que são cruciais para a construção do caráter reflexivos sobre o ser humano, suas ações, pensamentos e realidades.

Há quem diga que In Her Skin é completamente superficial e cansativo. Eu concordo e discordo - em partes. Concordo quando o assunto é superficialidade, mas também discordo, pois acredito que seja muito difícil tecer algo sob a pouca luz de um caso que realmente aconteceu e que um dos focos pessoais é uma pessoa a qual ninguém realmente sabe, ou conseguirá entender, seus motivos e o que realmente se passava na sua mente. Discordo, ainda mais, quanto ao ser cansativo; é um filme de duração um pouco longa, sem nenhum acontecimento realmente susceptível a empolgação, mas essa é a intenção dele, não é uma super produção a qual muitos estão acostumados a lidar, não é indicado para aqueles que querem encontrar entusiasmo é ação, é sim um filme indicado para aqueles que gostam de apreciar um bom roteiro e que gostam de ter a oportunidade de tirar suas próprias conclusões quanto ao que acabou de assistir.

 Sem me alongar mais: é um filme excelente, apesar da temática não ser nada inovadora. Um trabalho que nos faz pensar e reconhecer o ser humano em cada nova cena, lidando com emoções pessoais e pontos de vista distintos e dividindo-se na vida de cada personagem e não fixado em um único ponto. Um relato muito bem feito, com uma fotografia simples e delicada, sobre o desespero de uma família e uma mente popularmente taxada de louca.

Não posso esquecer-me de mencionar as ótimas atuações, com destaque para Ruth Bradley (Caroline), que nos trouxe com maestria a intensidade dos transtornos de sua personagem. E também, Guy Pearce e Miranda Otto (Mr. e Mrs. Barber).

Uma bela surpresa australiana, ainda mais quando estamos cansados de nos deparar com adaptações completamente mal feitas e mal estruturadas. Assistam e tirem suas próprias conclusões, quanto ao filme e quanto à mente humana.


"Ao longo dessa tragédia a família Barber ficou unida, sabendo que encontrou a filha e a trouxe para casa."








2 comentários:

Anônimo disse...

muito ruim esse filme

Anônimo disse...

Eu gostei do filme, bem elaborado em torno de um acontecimento real, é um alerta.

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