Há barreiras na mente humana que o homem jamais poderá atravessar, nem em seus mais gloriosos sonhos, pesquisas ou medicina. Essa barreira é imposta por cada ser, variando sempre. Uma barreira, um mundo, onde coisas completamente absurdas podem se tornar completamente acessíveis e admissíveis, para si mesmos.
Porem, quem somos nós para tentarmos desvendar essa barreira, ou até mesmo criar teorias sobre ela. Se ela é tão difícil de ser alcançada podemos simplesmente apontar os fatos, deixar que nos apontem os fatos, observar histórias reais, relatos. Sentarmos em algum lugar confortável e deixarmos que alguém nos conte uma história sobre o quão doentia pode ser a mente humana.
Austrália, março de 1999. Uma história que tem como protagonistas: Caroline Reid e Rachel Barber. Uma história sobre um drama psicológico que afeta a vida de ambas as garotas, mas de formas diferentes.
Caroline Reid, o problema. Gorda, com os pais separados, odeia a si mesma (principalmente por sua aparência), problemática, depressiva e, porque não, incompreendida. Ridicularizada na escola, numa briga constante com a mãe e sem o tão querido afeto do pai.
Rachel Barber, a perfeição. Espírito livro, bonita, inteligente, talentosa, amada pela família e feliz. Cercada de amigos, apaixonada pelo belo namorado, cercada do amor e devoção por todos os lados.
Duas vidas completamente distintas, que quando se cruzam misturam adoração, inveja e raiva numa mente completamente conturbada. Onde uma mentira é construída, uma omissão é lançada e um dia que tinha tudo para ser normal acaba em tragédia e sofrimento.
Uma história verídica que ganha vida nas telonas e dá origem à In Her Skin (Em Sua Pele). Película australiana, lançada 10 anos após o acontecimento real, dirigido e roteirizado por Simone North.
Com um crime real em mãos Simone tenta nos levar ao ambiente em que uma garota, de 19 anos, com sérios problemas psicológicos decide livrar-se daquela que é ao mesmo tempo seu ponto de referência e sua maior “inimiga”. Mostrando-nos o drama pessoal em que Caroline vive, ela constrói o universo, superficialmente, de suspense em que a trama mergulha.
Este filme está muito longe de ser um daqueles suspenses massacrados de tensão e violência gratuita, é sim um suspense, mas é puro e temporal. É uma obra que trata de um caso que realmente aconteceu, um drama real em que uma família real fora vítima de uma mente completamente desconexa.
De um lado uma garota sem atenção alguma dos pais e do outro uma família que faz de tudo para encontrar a sua filha. Dois pólos distintos que são cruciais para a construção do caráter reflexivos sobre o ser humano, suas ações, pensamentos e realidades.
Há quem diga que In Her Skin é completamente superficial e cansativo. Eu concordo e discordo - em partes. Concordo quando o assunto é superficialidade, mas também discordo, pois acredito que seja muito difícil tecer algo sob a pouca luz de um caso que realmente aconteceu e que um dos focos pessoais é uma pessoa a qual ninguém realmente sabe, ou conseguirá entender, seus motivos e o que realmente se passava na sua mente. Discordo, ainda mais, quanto ao ser cansativo; é um filme de duração um pouco longa, sem nenhum acontecimento realmente susceptível a empolgação, mas essa é a intenção dele, não é uma super produção a qual muitos estão acostumados a lidar, não é indicado para aqueles que querem encontrar entusiasmo é ação, é sim um filme indicado para aqueles que gostam de apreciar um bom roteiro e que gostam de ter a oportunidade de tirar suas próprias conclusões quanto ao que acabou de assistir.
Não posso esquecer-me de mencionar as ótimas atuações, com destaque para Ruth Bradley (Caroline), que nos trouxe com maestria a intensidade dos transtornos de sua personagem. E também, Guy Pearce e Miranda Otto (Mr. e Mrs. Barber).
Uma bela surpresa australiana, ainda mais quando estamos cansados de nos deparar com adaptações completamente mal feitas e mal estruturadas. Assistam e tirem suas próprias conclusões, quanto ao filme e quanto à mente humana.
"Ao longo dessa tragédia a família Barber ficou unida, sabendo que encontrou a filha e a trouxe para casa."
2 comentários:
muito ruim esse filme
Eu gostei do filme, bem elaborado em torno de um acontecimento real, é um alerta.
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