15 maio 2011

Artigo: Biutiful (2010)



Acho que esse é o momento que eu me deixo levar por um filme e sinto uma vontade incontrolável de escrever algo sobre ele, mesmo que eu ainda não tenha realmente absorvido ou ligado as pontas. Mas pensando bem, esse momento é o momento exato para escrever algo sobre esse filme.

Que filme?

Biutiful.

Biutiful, de Iñárritu. Um drama meio cru, uma história sem explosões (ou lutas, ou tiros, ou romance, ou fantasia) hollywoodianas; que conta a história de Uxbal (Bardem), um médium que nunca conheceu o pai, que vive uma relação não muito amigável com o irmão, tem de cuidar de seus dois filhos e de uma complicada ex-mulher bipolar. Se não bastassem todos esses problemas familiares, ele é um “explorador” de imigrantes africanos e chineses, e ganha a vida com isso. Mas o drama realmente começa quando descobre que sofre de um câncer terminal.


“A típica história de um cara que leva uma vida fodida, que só tende a piorar a cada momento.” Foi isso que eu pensei quando ouvi falar desse filme. Agora eu vejo que não é exatamente isso.


Então, o que é, afinal?

Bem, isso você irá poder dizer quando assistir. Porque eu, eu só o defino como “algo maravilhoso”.


Iñárritu nos surpreende, mais uma vez. Não com um clichê bem elaborado, mas sim com um drama de linguagem limpa, mensagem pesada, realidade crua, verossímil e cruel. Bem típico dele, sem amores que morrem, mas com algo real e palpável, um drama que muitas pessoas enfrentam diariamente, e que muitas vezes são deixados de lado por todo o resto.

Talvez filmes como este não sejam o forte do mercado cinematográfico atual. Não é uma obra pré-fabricada, direcionada a massa. Ele não nos tira da nossa realidade, ele na verdade nos puxa de encontro a ela. Não é o típico filme que enche os cinemas, principalmente no Brasil. Pois a população gosta de manter-se alienada, e prefere imaginar coisas que não fazem parte de suas vidas, ao invés de encarar.

Biutiful não é um roteiro poderoso, é um roteiro vital, um pouco atrapalhado. O movimento das câmeras. A fotografia. Que é capaz de transmitir emoção, te fazer arrepiar, e em alguns momentos não te transmitir nada. Deixa um vazio, certa interrogação, que talvez nunca seja preenchida, um buraco negro que não atrapalha em nada.

Biutiful é feito de belas e incríveis atuações, desde o protagonista aos coadjuvantes. Bardem é um dos pontos mais fortes do filme, rouba a cena, e em alguns pontos carrega tudo nas costas.

Biutiful nos mostra a beleza em meio uma vida cruel. Mostra-nos que apesar de todos os problemas que o personagem principal enfrenta, ele jamais perde a alegria, a dignidade, que mesmo com tudo isso ele se esforça ao máximo para ser o melhor pai possível, e isso emociona, isso quebra um pouco o clima sufocante. Mostra-nos a vida de um homem que está prestes a ir de encontro com a morte e que apesar de ter todo um entendimento sobre o que ela realmente é, ainda se nega a abraçá-la.

Enfim, algo simples, belo. Quase como uma bela pintura de guerra, uma obra de arte.















Cássia Benemann da Silva



2 comentários:

Anônimo disse...

O filme (não) é tão biutiful como esperava, o diretor Alejandro González Iñárritu carregou a história com todas a malezas que vida real traz, e que ele transporta para as telas magistralmente, ( veja por Amores perros, 21 Gramas, Babel) Iñarritu fez o que fez e mostra o que quer, diga-se mantém o telespectador preso a um personagem com perspectivas nulas da vida decadente, embora exista todos o elementos que me agrada em um filme (sigo a linha quanto mais triste melhor) biutiful deixa a desejar, o que? não sei. talvez só Javien Barden saiba. porque o mesmo carregou todo filme em suas costa, pra que? irrelevante.

biutiful poderia ser mais belo, mas como a beleza esta nos olhos de quem vê

bom filme!

Will

Gabriela disse...

Lindo comentário para um lindo filme!

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