Eis uma mulher nesse blog, finalmente. Uma mulher pra botar ordem nessa bagaça. Convenhamos que o meu gosto não é muito parecido com o deles, na verdade não é nem um pouco parecido, é só ver pelo meu post de estréia.
O que eu posso dizer sobre mim?
Sou uma aspirante a escritora, que sonha em publicar muitos livros e ser editora de uma revista. Gosto bastante de filmes, talvez não tanto quanto os outros autores, mas ainda sim é bastante. Não tenho um gosto definido, mas se tiver o Burton no meio eu topo. Sou chata, mas no fundo sou legal.
Espero que eu não seja apedrejada do blog, e que vocês sejam legais comigo. Vou tentar trazer coisas legais pra cá, mas se eu exagerar ou viajar muito, gritem.
Ah! Prazer, meu nome é Cássia.
Vamos ao artigo:
O que se esperar de uma adaptação de um livro para o cinema?
Uma catástrofe total? Desperdício de tempo e dinheiro? Ou algo realmente bem feito?
A resposta mais certa para essas perguntas talvez seja um “não sabemos”. Pois cada nova adaptação que surge com ela vem uma nova surpresa, boa para alguns e péssima para outros.
E o que se esperar de uma adaptação de um dos mais famosos romances já escritos?
Uma surpresa boa, mas na qual faltou algo, algo muito importante. Essa surpresa chama-se Orgulho e Preconceito, adaptação do ano de 2005.
Saudemos Deborah Moggach, uma iniciante que se encheu de coragem e deu a cara à tapa.

Orgulho e Preconceito, o livro, fora escrito por Jane Austen em 1797, mas só fora publicado 1813. Tanto livro quanto filme contam a história de Elizabeth Bennet (Keira Knightley), segunda de cinco filhas; uma jovem a frente de seu tempo que encontra dificuldades na sua adaptação a sociedade aristocrática inglesa do início do século XIX. Imersa em uma família pobre, juntamente com suas irmãs é criada tendo em vista a busca por um bom casamento. Com a chegada do Sr. Bingley (Simon Woods), um jovem rico e solteiro, vê sua família em um alvoroço com a possibilidade de um bom casamento para sua irmã mais velha, Jane Bennet (Rosamund Pike). Juntamente com Sr. Bingley teremos o Sr. Darcy (Matthew Macfadyen), um homem rico, arrogante e prepotente, que lhe despertará ódio e nojo. De início os dois não se darão nada bem, ela é pobre e ele soberbo, mas como todo bom romance se apaixonarão e depois de muitas idas e vindas aceitarão um ao outro. (Um resumo bem pobre e bem resumido, mas resumos não são meu forte)
Trata-se de um romance, um bom e belo romance como todos deveriam ser. Mas que Moggach não soube aproveitar muito bem.
Não posso deixar de elogiar o trabalho dela quando falamos dos diálogos do filme, pois muitos, se não a maioria, são exatamente iguais aos do livro, não foram cortados ou modificados, estão lá intactos para o deleite dos amantes da obra impressa. Isso é realmente raro de acontecer nas adaptações, são poucos os roteiristas que tem a delicadeza de preservar falas importantes e significativas.
A fotografia, do filme, nos trás uma bela imagem da Inglaterra Vitoriana, com suas paisagens e construções imponentes. Uma sutileza e magnitude singulares, fazendo com que tivéssemos vontade de estar naqueles lugares, presenciar aquelas cenas. Algo belo e encantador.
Mas nem tudo são flores. Logo nas primeiras cenas podemos notar o quanto o filme é cru e inexperiente, apesar dos diálogos serem bem fiéis, Moggach não soube captar a essência da obra de Austen. Faltou a ironia, a emoção, a comoção, que Jane transmitiu às suas palavras. (Assista Becoming Jane) Isso fez com que a atuação dos atores fossem limitadas e frias.
Contudo o maior problema, não só dele, mas de quase todos é o tempo. Limitar toda uma obra em algumas pouquíssimas horas, quando chega a isso, quebra totalmente a compreensão da história. Cenas realmente importantes foram retiradas do filme, deixando vários buracos e muitos expectadores sem entender a mudança de sentimentos e cenas. Sem contar que várias cenas foram mudadas de cenário o que trouxe um ar ainda mais romântico, o que não era necessário. Mas o corte é compreensível, pois acho que poucos gastariam de ficar horas assistindo o romance completo (e um romance completo é quase impossível, sem ser o livro).
Outro ponto que conta contra a adaptação é a falta de mudanças emocionais dos atores, principalmente de Matthew, como é descrito no livro. Mas nos demais momentos a interpretação fora ótima e digna de indicação de Oscar (como aconteceu em Keira).
Por último, mas não menos importante, e talvez o grande coringa do filme: a trilha sonora. Completamente presente, maravilhosa e belíssima. Dario Marianelli fora o grande responsável por essa envolvente e viva trilha. A cada nova cena de um baile as músicas podem nos dar a vontade de dançar, de estar dançando. Algo muito parecido com o nascer de um dia de primavera.
De um modo geral o filme é bem agradável e perfeito para quem não leu o livro e procura um bom romance, sem ser meloso e adolescente. É envolvente, seguro e brilhante. Não é perfeito, mas tem seus defeitos bem justificados e aceitáveis. Não é a primeira adaptação do livro, mas é a mais ousada de todas. Com toda a certeza um filme feito para se ter na estante de casa e assistir sempre que puder.
Extras:
- A direção fora deixada a cargo de Joe Wright, também estreante nas telonas. Uma direção bem feita por sinal, feita sem pressa.
- Fora filmado inteiramente em uma locação na Inglaterra e utilizou várias casas famosas do país.
Cássia Benemann da Silva